Por
Martin e Carolyn Forte do site
www.excellenceineducation.com
Enquanto crianças são incentivadas a alcançar objetivos acadêmicos cada vez mais precocemente, a incidência de dificuldades no aprendizado cresce num ritmo alarmante (alguns diriam epidêmico). Isso pode decorrer de inúmeras causas, desde problemas de resposta imunológica a questões alimentares e familiares, mas um fator que está sujeito ao controle imediato de pais que escolhem educar seus filhos em casa é a idade em que estabelecem atividades acadêmicas formais para os filhos realizarem. Cem anos atrás, era comum crianças entrarem na escola com 8 anos ou mais. Há duzentos anos, muitas escolas sequer aceitavam crianças que não soubessem ler.
Enquanto crianças são incentivadas a alcançar objetivos acadêmicos cada vez mais precocemente, a incidência de dificuldades no aprendizado cresce num ritmo alarmante (alguns diriam epidêmico). Isso pode decorrer de inúmeras causas, desde problemas de resposta imunológica a questões alimentares e familiares, mas um fator que está sujeito ao controle imediato de pais que escolhem educar seus filhos em casa é a idade em que estabelecem atividades acadêmicas formais para os filhos realizarem. Cem anos atrás, era comum crianças entrarem na escola com 8 anos ou mais. Há duzentos anos, muitas escolas sequer aceitavam crianças que não soubessem ler.
Hoje,
em contraste, os esforços mais árduos de nossas escolas públicas
não conseguem produzir formandos do ensino médio que tenham um
nível compatível
ao conhecimento e às habilidades que um formando do ensino
fundamental possuía
em 1900. O que está acontecendo? O sistema educacional coloca a
culpa nas crianças (que têm dificuldades de aprendizado), nos pais
(que são incompetentes e/ou descomprometidos), no
governo/sonegadores de impostos (que pagam pouco), ou nos três. Os
educadores raramente culpabilizam seus próprios métodos, materiais,
grade horária, etc. A maioria das pessoas concorda que peças de
“tamanho único” geralmente não vestem bem
a
maioria das pessoas, mas quando se fala em educação, pessoas que
são
inteligentes para outros assuntos, tendem a curvar-se diante da
“sabedoria” do sistema educacional vigente
no que diz respeito ao que uma criança deve aprender e quando deve
fazê-lo. Pais que educam em casa me procuram todos os dias pra
pedir
“a lista” do que seus filhos deveriam estar aprendendo em cada
ano letivo. Ou me procuram bastante preocupados porque o Júnior está
no 3º ano e ainda não consegue
fazer multiplicação direito, não
sabe nomear
as partes do discurso ou não
conhece a
diferença entre um paralelogramo e um trapezoide! Ó, céus!
Como
ex-professora de ensino fundamental, eu posso atestar à quase
completa incompetência da burocracia escolar – desde as faculdades
de formação de
docentes aos
livros didáticos impostos pelo Estado. Muito embora a nova ênfase
em fonética seja uma realidade promissora, me parece que a doentia
insistência em persistir objetivos “acadêmicos” inapropriados
em termos do
desenvolvimento infantil
vai garantir, para os próximos anos, um alto número de crianças
deficientes intelectualmente, coincidentemente proporcionando
um vasto mercado para os profissionais da educação especial. Como
diretora de um Programa de Estudos Independentes particular que
atende a um grande grupo de famílias que optaram pela educação
domiciliar (que
funciona
como uma guarda-chuva para abrigá-las), vejo crianças sendo
agredidas por esse sistema insano e desumano.
Mas
isto não é o pior. O problema é agravado pela tirania dos
“especialistas” que estão determinados a “ajudar” alunos que
estudam em casa “diagnosticando” e oferecendo “tratamento”
para tudo quanto é tipo de doença que
foi
descoberta de uma hora para outra, desde TDO (transtorno desafiador
de oposição), à TDAH (transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade), ao meu preferido: DPA (distúrbio de processamento
auditivo), que engloba, de maneira brilhante, todas aquelas crianças
que não conseguiram ainda se entender com o código fonético da
língua inglesa. Estes “especialistas” querem nos convencer que
crianças normais de repente se tornam “portadoras de distúrbios”
quando entram na escola ou formalmente começam o ensino em casa. Não
digo que não existam crianças com reais problemas físicos e/ou
psicológicos, mas a grande maioria das crianças diagnosticadas com
alguma “incapacidade de aprendizado” são simplesmente crianças
normais com pouca tolerância ao tédio (TDA), com muita energia para
conseguir ficar sentada fazendo exercícios chatos e repetitivos
(TDAH), que
ainda
não aptas intelectualmente para absorver o conteúdo apresentado
(DA, TDA, DPA, disléxico, disgráfico, etc.) ou possuem
um estilo de aprendizado incompatível com o currículo vigente (TDA,
etc. e etc.). Os rótulos são dados tão rápida e previsivelmente a
tantas crianças que ficam
desprovidos de qualquer
sentido para nós; eles
fazem
sentido somente aos
“especialistas”, que ganham a vida em cima desses distúrbios de
aprendizado.
Muitos
pais consternados optam pela educação domiciliar depois de receber
um ou mais desses diagnósticos pavorosos sobre seus filhos. Eles os
retiram da escola a fim de ajudá-los a superar sua “incapacidade”
e “remediar” suas “deficiências”. Embora intuitivamente
saibam que que seus filhos são inteligentes e que têm a
capacidade
para aprender, eles
ficam presos
aos padrões e prazos do sistema que condenaram seus filhos e, ao
fazê-lo, criam dificuldades desnecessárias para si mesmos e para
sua
prole. Frequentemente, os pais me pedem um currículo que ajude seus
filhos a “alcançarem o nível”. E eu pergunto: “Alcançar que
nível?”. Ao acreditar que o Estado e as escolas públicas sabem
qual a melhor forma de educar uma criança, eles colocam em risco a
melhor oportunidade que seus filhos teriam de aprender no ambiente
doméstico. Ao exigir muito e
cedo demais, a resistência, a aversão e o medo do fracasso criam
barreiras ao aprendizado, apenas agravando os danos já causados pelo
sistema escolar.
Ensinar
e aprender não são processos difíceis tampouco misteriosos.
Ensinar o código fonético a uma criança que está pronta para
aprender não requer um especialista treinado. QUE ESTÁ PRONTA PARA
APRENDER é o termo-chave. Como ex-professora do 1º ano que aprendeu
a ler no 1º ano, eu pensava que todas as crianças poderiam e
deveriam aprender a ler aos 6 anos de idade. Foi preciso um vizinho
determinado que educava os filhos em casa, minhas próprias filhas
que começaram
a ler
“tarde” e as pesquisas dos pioneiros e defensores da educação
domiciliar, Raymond e Dorothy Moore, para me convencer do contrário.
Estávamos
muito empolgados em adotar a educação domiciliar e começamos
imediatamente com o MCP (Modern Curriculum Press) Plaid Phonics
quando a Tenaya tinha 5 anos. Ela aprendeu o som das letras
rapidamente, mas não conseguia juntá-las para formar palavras.
Ficamos as duas frustradas enquanto os vizinhos, que eram 2 anos mais
velhos do que minhas filhas, brincavam contentes e não
estavam tentando aprender a
ler. Susan, a mãe deles, me falou dos livros e filosofias dos
Moores. Eu não estava convencida, mas não tinha outra
escolha.
Minha filha inteligente e ansiosa por aprender não conseguia
ler independente do que eu fizesse para ensiná-la. Se ela estivesse
na escola, teria sido rotulada como disléxica apenas
porque não sabia ler. A irmã dela, contudo, teria ganhado uma lista
completa de rótulos: TDAH (ela se jogava contra as paredes quando
não estava tentando escalá-las), DPA (só conseguiu associar som e
símbolo quando tinha uns 9 anos), disléxica (não sabia ler),
disgráfica (não sabia escrever), dentre outros.
O
primeiro livro do Dr. e da Sra. Moore, “A Escola Pode Esperar” e
a versão para leigos, “Melhor Tarde do Que Cedo”, me expôs aos
fatos sobre educação e desenvolvimento infantil. Os Moores
coletaram pesquisas médicas, olftalmológicas, neurológicas e
psicológicas sobre a primeira infância e chegaram à inevitável
conclusão de
que,
para a maioria das crianças, a melhor idade para iniciar o ensino
acadêmico formal é entre 8 e 12 anos de idade! Para aqueles de nós
que estamos mergulhados na cultura da escolarização precoce, esse
parece um remédio difícil de engolir. Mas os Moores não se
contentaram
apenas com os
dados das pesquisas
laboratoriais; eles estudaram famílias que educavam em casa nos anos 70 e 80 para ver o que acontecia com crianças que
tinham liberdade para aprender num ritmo
mais natural. O resultado foram muito mais livros, culminando no
“Manual de Educação Domiciliar da Família Bem Sucedida”. Este
volume detalha “A Fórmula Moore” que o Dr. e a Sra. Moore
desenvolveram ao longo dos anos ao mesclar
pesquisa com aplicação prática.
“A
Fórmula Moore” inclui três elementos em porções aproximadamente
iguais: estudo, trabalho e serviço. Eles não recomendam educação
formal antes dos 8 anos de idade e, em alguns casos, antes dos 12
(minha filha caçula se encaixou nesta categoria do
aprendizado mais tardio).
Isto não significa que a criança não aprende nada até ter 8 ou
mais anos. As crianças aprendem vorazmente desde o nascimento e é
somente
o obstáculo da “escolarização” desajeitada que
consegue
retardar ou impedir a outrora insaciável sede pelo conhecimento de
uma criança. Os livros são ferramentas úteis e importantes, mas
para uma criança pequena, o mundo está cheio de oportunidades de
aprendizado, oportunidades
muito mais ricas do que as
que podem
ser encontradas numa folha impressa. Quando a criança tem liberdade
para explorar, para questionar e para imaginar, mundos
interessantíssimos, que possivelmente jamais seriam conhecidos de
outra forma, se apresentam. No estilo da educação domiciliar, a
criança pode aprender a ler aos 5, aos 7 ou aos 12 anos de idade,
depende de cada criança.
Esse
estilo de ensino-aprendizagem mais leve quanto à
transmissão de
conteúdo formal incorpora importantes áreas do desenvolvimento
frequentemente negligenciadas ou ignoradas pelo currículo formal:
habilidade de escutar, coordenação olho-mão, grandes habilidades
motoras, relações espaciais, relações pessoais, conhecimento
sobre o meio-ambiente, desenvolvimento da memória, imaginação,
lógica e muito mais. Por causa da esmagadora presença de mídias
eletrônicas em nossas vidas, as crianças frequentemente têm
dificuldade de usar a imaginação ou mesmo de
ouvir
histórias sem ilustrações que
acompanhem.
Elas são tão bombardeadas com o barulho constante do rádio, da TV
e de jogos eletrônicos que elas mal conseguem pensar por si mesmas.
Conceder à criança tempo nos primeiros anos de vida (de preferência
com o mínimo de TV possível,
etc.) para ela se desenvolver física, neurológica e emocionalmente a
prepara para absorver
o conteúdo escolar formal com
mais ânimo.
Já
que estamos falando de prontidão física e acadêmica, não podemos
deixar de mencionar
a questão dos estilos
de aprendizado. É importante entender que cada criança tem seu
próprio estilo de aprendizado e
que
ele
pode
ser diferente do seu ou de
seus
outros filhos. Independente de quando você começar o ensino formal,
é imprescindível
ensinar da maneira que melhor se encaixa com o estilo de aprendizado
dele.
A melhor publicação que conhecemos para auxiliá-lo a
determinar
e a
compreender
o estilo de aprendizado do seu filho é o livro “Descubra o Estilo
de Aprendizado do Seu Filho” de Mariaemma Willis e Victoria Hodson.
A combinação desse livro com os trabalhos dos Moores servirão
de base para você ter
uma experiência de educação domiciliar muito bem-sucedida.
Adiar
o ensino acadêmico formal não pressupõe aprender a ler
tardiamente,
mas encoraja os pais a esperarem os filhos estarem prontos. Até lá,
os pais podem ler para seus filhos, brincar com as letras e os sons e
ficar atentos aos sinais de que os filhos estão começando a
entender o código. Uma vez que isso acontece, você não pode
impedir uma criança de ler. Algumas irão progredir rapidamente e
outros o farão mais lentamente, mas conquanto a instrução seja
fonética (isto é vital), as crianças caminharão gradualmente até
que estejam lendo num
nível adulto. Ainda
que
você descarte os rótulos de disfunções de aprendizado, você vai
descobrir que talvez não
consiga usar os currículos prontos
(Ah, droga!). Uma das minhas filhas aprendeu a ler (sem esforço) aos
8 anos e a outra aos 10,5 anos. Uma usou o material Primary Phonics e
a outra preferiu a cartilha “Eu Posso Ler” do Dr. Seuss.
Completados esses compêndios iniciais, elas simplesmente
selecionaram (com a minha orientação) livros dos quais elas
gostavam. Gradualmente, elas progrediram para livros cada vez mais
difíceis. Hoje ambas são graduadas e têm carreiras agradáveis.
Nós
utilizamos
a Fórmula Moore em vez de um currículo formal. As meninas tiveram
muitos empregos e iniciaram uma série de negócios, incluindo o Fun
Ed, que muito requisitado no nosso site
Excellence
in Education Resource Center. Elas fizeram parte de inúmeros
projetos de serviço à
comunidade que
culminou num trabalho de missões internacional. A maioria das
pessoas nos classificaria como “unschoolers” (=desescolarizados)
e eu não negaria,
apenas acrescento
a
este
rótulo a
informação de
que usamos a Fórmula Moore para equilibrar nossas vidas.
Este
final feliz não teria sido possível sem o conceito de “adiar o
ensino acadêmico formal” uma vez que nossas filhas teriam sido
rotuladas rapida
e frequentemente,
caso tivéssemos levado-as para os “especialistas” quando elas
ainda não sabiam ler. Felizmente, nos dirigimos primeiro ao Dr.
Raymond
Moore e sua maravilhosa esposa, Dorothy, que nos disseram que
conquanto elas estivessem progredindo não tínhamos com que nos
preocupar. Eles estavam certos!
As
escolas da modernidade foram projetadas para fazer para a educação
o que Henry Ford fez para a indústria automobilística. E em alguns
aspectos elas têm tido sucesso, mas lembre-se que as crianças não
são como metais derretidos
que podem ser redesenhados por qualquer molde para se encaixar em
qualquer espaço com
qualquer propósito. As crianças são seres humanos únicos e
delicados, com talentos especiais, pontos fortes e fraquezas. Cada
uma tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, que pode
ser
ignorado
por
nossa conta e risco. Como adeptos da educação domiciliar,
rejeitamos o “sistema” por uma série de razões e
saímos
da caixa. Lembre-se de que a caixa inclui muito mais do que apenas o
prédio. Sair da caixa e dar aos nossos filhos a melhor educação
feita sob medida possível inclui questionar o programa e também o
currículo
escolar. Coisas que são produzidas em massa nunca são da melhor
qualidade e o mesmo vale para a cópia do produto feito em massa.
A
educação de melhor qualidade para o seu filho é aquela que se
adéqua ao
seu ritmo e estilo de aprendizado. Apenas o pai pode julgar a
adequação desse ritmo de aprendizado ao observar os sinais, mas
podemos obter bastante orientação dos muitos livros sobre educação
domiciliar
de Raymond e da Dorothy Moore e do Perfil de Estilos de Aprendizado
do
livro “Descubra o Estilo de Aprendizado do Seu Filho”, de
Willi e Hodson. Forçar uma escolarização precoce pode
surtir
efeitos indesejados na futura vida escolar dos filhos. Em vez de se
preocupar com a “dificuldade de aprendizado” porque seu filho não
se encaixa no estilo e sequência didática de escolas “dentro da
caixa”, invista sua energia ajudando-o
a desenvolver seus
interesses naturais. Você se surpreenderá com os resultados.
Texto original em inglês traduzido e publicado com a autorização dos autores.
Fonte: http://www.excellenceineducation.com/better_late_than_early.php e
http://www.excellenceineducation.com/mm5/merchant.mvc?Screen=WORD6&Store_Code=EIE
Fonte: http://www.excellenceineducation.com/better_late_than_early.php e
http://www.excellenceineducation.com/mm5/merchant.mvc?Screen=WORD6&Store_Code=EIE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário!