Curiosamente, não é o caso. Ambos os procedimentos foram absolutamente necessários e eu nunca tive qualquer complicação em ambas as gravidezes que pudessem sugerir que eu acabaria na mesa de cirurgia.
Meu objetivo não é convencê-la a fazer uma cesárea, até
porque sigo favorável ao parto normal. O que pretendo é apenas contar minhas
duas experiências. Gostava de ler esses relatos quando estava grávida e acho
que eles até ajudam no processo de decidir a forma pela qual o bebê virá ao
mundo.
Minha primeira filha, Giovanna, nasceu quando eu tinha 26 anos.
Foi uma gestação perfeita em todos os sentidos. Pré-natal completíssimo, ultrassonografia
somente com um profissional altamente respeitado (e bom mesmo), exames de
sangue e urina colhidos regularmente, curva glicêmica, enfim, tudo que uma mãe
deve fazer. Tudo nos conformes.
Já nos estágios finais, minha médica analisou minha bacia e
a classificou como “maravilhosa”, sem contar que a Gi já estava na posição
perfeita e tinha tamanho excelente para parto normal. Era só esperar.
Com 40 semanas e dois dias, minha médica optou por descolar
a bolsa para acelerar o trabalho de parto. De madrugada, começaram as
contrações. Sete horas da manhã eu achei que era hora de seguir para a
maternidade (Pro-Matre) e foi uma alegria quando constataram que já estava com
cinco centímetros de dilatação.
Minha médica e a anestesista chegaram pouco tempo depois. As
7:40h eu estava anestesiada, tirando fotos no LDR, sorrindo e aguardando a
vinda da minha menina. Depois que estouraram minha bolsa (não estourou
sozinha), foi um pulo para eu chegar nos dez centímetros. E foi aí que comecei
a fazer força. E nada da Gi “se apresentar”. Vi a cara de preocupação da minha
gineco e logo percebi. Cada vez que eu empurrava, desciam os batimentos
cardíacos da bebê. Me tiraram da ocitocina e passaram a mexer na barriga, como
se para alterar alguma posição. Tentaram
por uns trinta minutos, mas o resultado era sempre o mesmo: as batidas desciam.
Minha médica foi categórica: “Precisamos tirar sua nenê daí.
Eu não vou arriscar deixá-la começar a descida com esses batimentos caindo.
Vamos agora para o centro cirúrgico”. Vinte minutos depois, arrancaram a Gi do
meu ventre. Foi tudo muito rápido, mal dando tempo do Renato chegar paramentado
à sala.
O que houve? De alguma forma, não se sabe ao certo, algo não
permitiu que a Gi iniciasse a descida pelo canal. Não era circular de cordão
umbilical. Também não era porque o cordão fosse curto. Fiquei sem essa
resposta, mas a alegria pelo nascimento de um bebê perfeito e saudável
compensou tudo.
Na minha segunda gravidez, dois anos depois, voltei à mesma gineco porque tenho confiança
nela. Acho ela ponderada: prefere parto normal, mas não tenta a qualquer custo.
Ela tentaria sem problema um parto normal, mesmo após
cesárea, desde que as condições fossem favoráveis. Só explicou que não usaria
ocitocina. De resto, era só acompanhar tudo novamente e ver o que aconteceria.
Tudo ocorreu como da primeira vez: a gravidez foi
tranquilíssima. Com 35 semanas, fui a uma consulta de rotina. Viu que tudo
estava ótima e me mandou apenas fazer uma cardiotoco na maternidade,
aproveitando para pedir outra ultrassonografia básica de lá mesmo, só “por
fazer”. Até me animou, porque tinha um centímetro de dilatação e o bebê estava
na posição perfeita. Saí do consultório
com ela brincando que logo faria meu parto normal.
No mesmo dia, de noite, na tal ultrassonografia “só por
fazer”, descobriram que eu tive uma pequena ruptura alta na bolsa, que não pode
ser detectada no exame de toque (justamente por ser na parte de cima) e
precisava ir imediatamente para o centro cirúrgico porque havia pouquíssimo
líquido amniótico.
Eis minha segunda cesárea.
Depois de muito pensar nas duas experiências, cheguei a
algumas conclusões sobre minha opinião consolidada (mas passível de mudança,
quem sabe?) sobre os tipos de parto.
1.
Sou absolutamente contrária ao parto em casa
ou outro lugar que não dê para fazer uma cesárea de emergência
Se eu tivesse optado por um parto natural em casa, a
Giovanna teria morrido. E nem meu histórico, nem qualquer exame sugeriria que eu
pudesse acabar na mesa de cirurgia.
2.
Existe
cesárea e cesárea
Minhas cesarianas foram executadas pela mesma profissional,
mas os resultados foram muito diferentes. Na da Giovanna, o pós-parto foi pior.
Tinha dor para levantar e para deitar (embora suportável).
No caso do Vinícius, embora fosse cesárea de emergência,
eles tinham um tempinho para fazer o procedimento. Não era caso de vida ou
morte (como no caso da Gi, que os batimentos estavam caindo). Por isso, demorou
bem mais. Os médicos conversaram comigo o tempo todo, o clima era de
descontração, o Renato ficou o tempo todo comigo... No caso da Gi, tudo
aconteceu em menos de dez minutos. A médica teve que fazer tudo muito rápido,
de modo mais agressivo. Certamente houve um impacto na forma que o corte foi
feito, na força empregada, etc.
A recuperação do meu segundo parto foi perfeita. Não tive
qualquer dor. Até pedi para suspenderem a medicação para dor na própria
maternidade e não precisei voltar atrás.
3.
Você precisa confiar no seu médico
Por mais que exista o sonho de um ou outro parto, é preciso
confiar no profissional que você escolheu. Se está insegura, procure outro. Se
o médico aconselhar o parto normal, siga o conselho. Se falar que deve ser
cesárea, faça a cesárea. Se deixá-la escolher (como normalmente
acontece)escolha, mas aceite a mudança de última hora se necessário.
4.
Não se culpe ou se frustre se as coisas não
derem certo
O importante é segurar a criança saudável no colo,
independentemente da forma como ela veio ao mundo.
Que
Deus lhe dê sabedoria para escolher e paz após a escolha!
Fabi, engraçado como seu primeiro parto foi parecido com o meu! Também tive minha bolsa "descolada" com 40 semanas e 2 dias e comecei a ter contrações de madrugada (nas duas gestações as contrações começaram na madrugada depois de ter descolado a bolsa). Também dilatei super rápido depois que estouraram minha bolsa.
ResponderExcluirAqui nos EUA vejo muitas mães que ficam horas, sim, HORAS, empurrando o bebê. Me dá aflição só de pensar! Acho aqui muito exagerado essa necessidade do parto ser normal ... arriscam demais! A cesária é vista como algo super perigoso e apenas em casos de MUITA urgência. Acho que os dois extremos (a do brasil de fazer cesária por qualquer razão, e a dos EUA de evitar ao máximo) são perigosas.
É bom muito bom quando encontramos um médico que tem o bom senso de saber o equilíbrio em tudo isso. Tentar de tudo para ser normal, mas não arriscar!
Beijos!
Realmente nossos partos foram mesmo parecidos. E até esqueci de contar que contrações sem ocitocina são bem mais suportáveis que com! Acho que também conversamos e concordamos com isso.bjo
ExcluirYay, a Fabi saiu da toca!! E, como sempre, escreveu um excelente post. Obrigada, amiga! Amei! O relato dos seus partos era muuuito aguardados e cá está. Uhuuu!!
ResponderExcluirFaltou apenas colocar as fotinhos, hein??
Certo, agora comemorações à parte, voltei para comentar o texto da Fabi!
ExcluirDois pontos que quero colocar:
1 - Embora eu concorde com você, acho que a história do parto da Lidiane sugere conclusões diferentes da sua. A confiança na escolha do médico é importante, porém não determinante para se ter um bom parto. A médica dela "amarelou" nos últimos minutos do segundo tempo e ela ganhou bebê com o plantonista do hospital, quem ela acabara de conhecer! Portanto, confiar no médico não é uma regra conclusiva. Confiar em Deus, sim! Lidi, conte-nos como foi, please!
2 - Eu não sou "absolutamente contrária a parto em casa ou outro lugar que não dê para fazer uma cesária de emergência". Querer parir em casa é uma atitude ousada para os dias de hoje, sem dúvidas, e eu mesma não sei se teria essa coragem!! Mas acho que é uma decisão pessoal. O casal que opta por parto em casa certamente sabe dos riscos que corre. Mas eles têm (ou, pelo menos, deveriam ter) esse direito de escolher o modo e local onde a criança vai nascer!! Como sociedade muitas vezes nos colocamos na posição de querer controlar demais a vida alheia, em nome de algo que NÓS acreditamos ser o melhor para elas. Deus é onisciente, onipresente e onipotente e Ele não faz isso conosco. Você não sabe se a Gi teria realmente morrido se vocês não estivessem no hospital ou mesmo se a cesária não tivesse sido feita. A evidência aponta para isso, claro, mas ainda é uma opinião dedutiva, não é um fato confirmado. E mesmo que fosse, a experiência trágica de uma mãe não pode ser usada para privar outras mulheres da experiência e a liberdade de parir em casa!
É isso. Beijos!