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Bem-vinda ao nosso blog!
Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A nossa vida no Québec - Os últimos 8 meses (Parte 1)

Eba, voltei ao blog! Entreguei meu último trabalho na universidade em meados de abril e ainda estou me recuperando da maratona que foram os últimos oito meses aqui no Canadá. Que alívio e que alegria; agora posso finalmente me dedicar ao homeschooling!

E cá entre nós, ficar em casa é tudo de bom. :)

Meu nível de cansaço mental e físico nos últimos meses estava tão profundo que eu tinha a nítida visão e sensação de estar envelhecendo. Um ano e meio atrás eu disse que o trabalho de ficar em casa com os filhos cansava mais do que trabalhar fora o dia todo, não disse? E é verdade, cansa mais mesmo, mas agora descobri algo que para mim desgasta ainda mais: tentar conciliar as duas coisas - vida dentro e fora de casa, estudando em período integral, levando criança pra escola, tentando conciliar tudo. Eu sei que existem muitas mães capazes de lidar numa boa com a pressão de tantos afazeres e preocupações, trabalham fora o dia todo e ainda estudam à noite, mas eu sinceramente não consigo... eu fico à beira de um ataque de nervos!

Simplesmente não consigo educar à distância e ficar feliz com o resultado, sabe? As muitas horas fora e a constante preocupação de textos para ler ou trabalhos para fazer não me deixavam fazer em casa um trabalho que eu considero decente. Pior, viver esgotada também me impedia de curtir a maternidade, o casamento, meu relacionamento com Deus... enfim, no meu caso tudo vira obrigação e torna-se um fardo pesado demais para carregar (e admito que o problema também é porque eu não me contento em não dar o meu melhor nos estudos). Quando estou cansada dia após dia, fico irritada com facilidade e sem paciência para brincar com minhas filhas ou mesmo corrigi-las de forma amorosa. Acabo virando uma mãe brava e autoritária, e reajo a situações inesperadas como não gostaria de reagir. Agora que estou em casa, tomo precauções para não debandar para o outro lado: ficar bitolada com as preocupações da casa e não respirar ar puro (figurativamente) periodicamente para renovar as energias. Nada como o bom e velho equilíbrio para garantir que não "endoidemos", hehe.

Bem, há seis meses, em 20 de outubro, eu escrevi um relato (leia aqui) sobre nossa mudança para o Canadá e como estava sendo nossa adaptação ao novo país. De lá pra cá muitas novidades aconteceram, mas eu vou tentar resumir os pontos mais importantes.

Em retrospectiva - Um milagre após outro...
Vim para o Canadá com bolsa de estudos e, portanto, decidimos que o meu marido ficaria em casa nos primeiros meses de adaptação. Assim, ele poderia pessoalmente cuidar das meninas (para amenizar o choque da mudança) enquanto eu estudava. No fim de setembro (no mesmo mês em que chegamos), ele solicitou o work  permit pela internet e, três meses depois, recebeu o visto pelo correio. Ainda no fim do ano, ele já começou a procurar emprego pela internet, enviou currículos e chegou até a fazer algumas entrevistas e foi chamado para treinamento numa empresa. Apesar disso, a contratação na empresa onde ele está hoje só foi acontecer mesmo dois meses depois (reparamos que as coisas aqui andam mais devagar), em meados de fevereiro. Este foi o primeiro milagre! Chegamos no Québec, a única província francófona do Canadá, sem falar praticamente NADA de francês, e sabíamos que conseguir emprego aqui sem falar francês era algo muito difícil. A nossa oração sempre foi que ele pudesse trabalhar em algo em que falar bem o inglês e o português fosse o diferencial. E Deus nos ouviu! Ele não só conseguiu o "emprego ideal" (com um salário acima da média para quem está chegando no país), mas também foi contratado justamente no mês em que eu parei de receber a bolsa de estudos (que durou seis meses). Ou seja, não tivemos falta de nada! O tempo de Deus foi, como sempre, perfeito.

O segundo milagre foi a creche para as meninas. Serviço de creche no Canadá custa caro. O valor para apenas uma filha custaria praticamente o mesmo (ou mais) de um mês de aluguel no nosso apartamento de 2 dormitórios. Imagine então ter de pagar creche para duas filhas?! Para quem é residente temporário, as chances de conseguir pagar menos (por causa do reembolso do governo para residentes permanentes) diminuem. A nossa única chance de conseguir pagar menos seria por meio de matrícula em garderie administrada pelo governo, a chamada CPE (Centre de La Petite Enfance), algo que, o que mais se ouve por aqui, é praticamente impossível. Coloca-se o nome da criança numa lista de espera online ou direto na CPE e espera-se, por tempo indeterminado, por uma vaga. Ouvi relatos de mulheres que inscreveram o bebê assim que souberam estar grávidas e esperaram por anos, sem nunca serem chamadas. No fim de dezembro, consegui vaga para a Nicole começar numa CPE perto da universidade no início de janeiro. Era bilíngue e em período integral. No primeiro dia ela gostou muito, estava felicíssima de ser a new butterfly do grupo de crianças, mas foi só perceber que teria de ir todos os dias e passar muitas horas lá que começou a se desesperar. Ela precisava chegar antes das 9:30 da manhã para o início das atividades e tinha de ficar por pelo menos 5 horas direto, sob pena de perder o direito à vaga. Era inverno e quando a buscávamos já estava praticamente escuro (aqui o dia escurece às 4 da tarde no inverno!!), então ela voltava pra casa arrasada porque o dia já tinha acabado. Implorava para não ir mais e poder ficar em casa fazendo homeschool, principalmente porque ela sabia que a Alícia ficava o dia todo comigo (obs. Estávamos aguardando abrir uma vaga para a Alícia na mesma CPE já que agora a irmã estava lá e ela teria prioridade). Nesta época, o Douglas ainda procurava emprego e eu, sem botar fé que conseguiríamos vaga em alguma garderie pagável, no fim do semestre anterior tinha decidido passar o máximo de aulas para o período da noite. O resultado não poderia ser pior: quando a Nicole chegava em casa, eu já tinha saído para as minhas aulas!

O fato é que ela durou nesta CPE por apenas 2 semanas e 2 dias! Toda manhã era um escândalo e na creche ela ficava inconsolável, se negando a participar das atividades. Tanto que em alguns dias as educadoras precisaram nos ligar para buscá-la mais cedo. Quem conhece a Nicole sabe que ela não tem a menor dificuldade de interação e independência. Acontece que ela realmente estava com o coração partido, queria de todo jeito ficar em casa. Todo dia me perguntava porque precisava ir... eu explicava, mas ela continuava inconformada. Eu também não estava gostando de vê-la tão pouco todos os dias, então um certo dia eu propus a ela o desafio de orarmos e pedirmos a Deus uma solução para o problema. Pois a resposta de Deus chegou em menos de dois dias! Ela saiu dessa CPE e foi direto para outra muito melhor - desta vez totalmente francófona, em 1/2 período (apenas 4 horas por dia) e com vaga para as minhas duas filhas! A localização desta também era melhor já que, diferente da primeira, bastava sair do metrô e já estava quase na porta da garderie. E o melhor, por causa da carga horária reduzida, eu pagava para as duas o mesmo valor cobrado somente para uma na CPE anterior. Para completar, o esquema desta garderie era diferente: crianças de 18 meses em diante ficavam juntas o tempo todo, o que achei ótimo. Além das minhas filhas poderem ficar juntas (justamente o que eu queria), essa forma de trabalhar permite uma socialização muito mais saudável já que a criança aprende a lidar com faixas etárias diferentes. Ou seja, não podia ser mais perfeito, foi presente de Deus!

Resumindo, elas frequentaram esta CPE por um total de apenas 3 meses (do fim de janeiro até o fim de abril), mas foi um tempo muito memorável! Não iam todos os dias (a coordenadora não se importava desde que continuássemos pagando, rs), usávamos a creche somente quando eu precisava de verdade (por causa das minhas aulas e porque era cansativo demais ir com as duas de ônibus e metrô). Mas neste tempo, elas puderam aprender muitas palavras e musiquinhas em francês, se divertiram com os coleguinhas e, principalmente, sei que elas foram muito bem cuidadas pela equipe que tinha muito carinho por elas.

Esta foto foi tirada com a educadora preferida delas no dia da despedida.

Ah... antes de encerrar esta parte, preciso contar mais um detalhe do milagre do emprego do Douglas! Uma grande preocupação que tínhamos era com relação ao horário de trabalho dele. De cara, na entrevista, ele já foi avisado da possibilidade de ter de trabalhar no período noturno, até meia-noite, caso fosse aprovado no treinamento. Aceitamos a condição mesmo sabendo que eu estudava à noite 3 noites por semana e isso colocaria um peso terrível nos meus ombros. Significava que ou eu levava as meninas para a aula comigo ou corria o risco de perder o semestre! Pedimos a Deus por uma solução e descansamos nEle. O treinamento teórico, que estava previsto para durar 5 semanas, iniciou em 17 de fevereiro e, durante este período, o horário das 8:00 às 16:00 seria perfeito para ele buscar as meninas na CPE assim que saísse do trabalho. Pela manhã eu ficava com as meninas em casa, dava almoço e depois as levava para a garderie antes de ir para a universidade estudar. Passaram-se as primeiras cinco semanas e, na sequência, avisaram que eles teriam mais 2 semanas de incubação para treinamento prático, cumprindo o mesmo horário de trabalho. Como se já não bastasse tanta graça, a empresa iria receber gente importante na semana seguinte e todos os gerentes estariam ocupados para dar suporte. Sabem o que isso significou? Que o período de incubação foi estendido, calhando perfeitamente com a semana em que eu entreguei meu último trabalho da faculdade! Foi somente em 21 de abril, quando eu já estava de férias, que ele começou no novo horário de trabalho, das 16:00 à meia-noite.

A nossa vida de um mês pra cá - Praticando homeschooling!
Desde que minhas aulas terminaram, estou num ritmo de vida totalmente novo!! Está uma delícia fazer homeschool com as meninas. E com a nova rotina, estou até conseguindo fazer exercício físico! A primeira providência foi me matricular numa academia para fazer Pilates e outras aulas. Estava precisando muito me exercitar! Agora tenho tempo livre para ler por prazer (comecei dois livros - um é sobre educação, chama-se Dumbing Us Down - The Hidden Curriculum of Compulsory Schooling e outro sobre saúde reprodutiva, chama-se Taking Charge of Your Fertility - The Definitive Guide to Natural Birth Control, Pregnancy Achievement, and Reproductive Health), algo que era impossível de fazer quando eu estudava full time.

Haha, já deu pra perceber que eu estou bem feliz com as mudanças, né! :)

Para o homeschool optei por usar dois programas ao mesmo tempo. Os dois são cristãos. Um é gratuito (Easy Peasy All-In-One-Homeschool) e o material está todo na internet. Comecei do Getting Started 1 (bem do início) para que a Alícia consiga acompanhar com a Nicole. Fizemos o Day 25 hoje (ainda tem chão, são 222 dias essa primeira parte!). A proposta do Getting Started 1 e Getting Started 2 é que a criança aprenda a ler cedo para que possa trabalhar sozinha quando começar o Level 1. Eu não tenho intenção nenhuma de acelerar as coisas... quero ir no tempo delas. Porém, vejo que elas estão ávidas por aprender. A Nicole me pede para estudar! As lições são bem gostosas e curtas o suficiente para que a Alícia, que ainda nem completou 3 anos, consiga acompanhar - ela está aprendendo a clicar com o mouse, rs. Eu prevejo que no futuro, quando ela crescer e ganhar mais maturidade, eu tenha de refazer muitas lições com ela, mas pode ser que eu esteja enganada. Só a experiência dirá. Quase todo dia tem alguma sugestão de craft para fazer, e quase sempre inclui pintar, recortar e colar. Pra mim se tornou terapia! Como não temos impressora, eu já fui algumas vezes à faculdade e imprimi com antecedência uma quantidade razoável de lições de que vamos precisar.

Hoje excepcionalmente usamos canetinhas para fazer o craft,
mas normalmente usamos lápis de cor (Nicole) e giz de cera (Alícia).

O outro currículo que usamos é da mesma empresa de quem compramos livros no ano passado (Sonlight Christian Homeschool Curriculum). Desta vez, comprei o Pre-Kindergarten Program para crianças de 4-5 anos. O pacote anterior, Preschool Program, para crianças de 3-4 anos, nós já tínhamos e o trouxemos na mala para cá. Simplesmente amamos o tempo de leitura no sofá! Terminamos hoje a Week 4 com elas (cada ano tem 36 semanas). O tempo diário previsto para as atividades desse programa é 20-40 minutos e dá para fazer a qualquer hora do dia. Os Read-Alouds (as leituras em voz alta) têm bastante poesia, rimas, contos e curiosidades em geral. Às vezes lemos e encenamos a história para recontá-la ao papai depois. Uma novidade no programa deste ano é um livro sem imagens, só de texto. No começo foi difícil para a Nicole e exigiu um tipo de concentração diferente já que o seu hábito era ficar do lado "lendo" as ilustrações enquanto eu lia em voz alta. Mas agora percebo que já estamos engrenando melhor e aos poucos ela está se acostumando a usar a própria imaginação.

Como gostei muito do Mighty Mind que veio no kit do ano passado, acrescentei ao pacote deste ano, por um valor à parte, um material de matemática chamado Patternables. São figuras geométricas que acompanham folhas com desenhos para as crianças encaixarem. Elas gostam muito de montar com as pecinhas. Além disso, usamos muito o ipad tanto para exercícios de matemática quanto de alfabetização. Tem cada aplicativo maravilhoso! Como devem ter percebido, não sou contra tecnologia para crianças. Acho que devemos usá-la, com sabedoria, a favor da nossa educação. É uma ferramenta muito útil. Esclareço ainda que, curiosamente, matemática e alfabetização são as únicas duas matérias de metodologia de ensino que ainda não cursei na faculdade (sou estudante de Pedagogia). Por isso, quando voltarmos para o Brasil, agora no próximo semestre, estou ansiosa para saber o que os teóricos da educação têm a dizer sobre essas duas áreas. Vai ser interessante!  Terei a oportunidade de estudar a teoria de algo que eu já estou adquirindo um certo "saber fazer" (e, claro, formulando minhas próprias concepções teóricas) e isso, com certeza, vai potencializar minha capacidade de crítica durante o curso.

Finalmente, às vezes ouço mães que gostariam de homeschool dizer que acham excelente, mas que não se consideram suficientemente organizadas ou disciplinadas para fazê-lo. Pode ser ilusão minha de principiante, mas estou usando dois programas diferentes e posso garantir que não toma tanto tempo assim - no máximo 2 horas por dia, mas pra falar a verdade raramente chega a tanto! As meninas ainda têm tempo de sobra pra brincar, assistir desenho, e fazer outras atividades livres. No momento, a Nicole também está fazendo aulas de piano e de balé durante a semana. Como eu sou muito simpatizante do unschooling, prezo mais o raciocínio e lógica do que conteúdo em si. Minha filosofia tem sido me permitir toda autonomia e liberdade de que preciso para fazer ajustes conforme a vida pede pois, é tanto impossível como indesejável seguir uma rotina rígida. Por exemplo, o meu horário ideal de fazer as atividades é pela manhã, logo após o café (digo meu porque é quando meu cérebro está mais ativo), mas neste um mês de experiência, houve dias em que não foi possível fazer toda manhã, então fizemos de tarde ou de noite. Outros dias, pra ser sincera, nós nem fizemos!! Mesmo assim, estamos "em dia com a matéria", ou seja, cumprimos com o programa sugerido para a semana. Pelo menos neste estágio, o programa é bem simples... o principal, ao meu ver, é o que elas aprendam com a vida e que sejam instigadas pela curiosidade natural à medida que fazem perguntas. A curiosidade infantil é aguçada! Como muitas coisas que eu não sei explicar ou não lembro direito, pesquisamos juntas no google e no Youtube. Olha só os temas que já exploramos (sem esgotá-los, é evidente) nas últimas duas semanas que nada tiveram a ver com o programa oficial de estudos:

- Porque o céu fica laranja no pôr-do-sol;
- Que "bicho" é a joaninha é antes de virar joaninha;
- O que é um furacão; - O que as cobras comem;
- Como as aves constroem seus ninhos (assistimos a alguns vídeos sobre o joão-de-barro):
- Porque a gente tem febre.

Eu tenho outros assuntos relevantes sobre os quais ainda gostaria de escrever, mas o post está ficando longo demais. Vou deixar para começar um novo em breve. Espero conseguir me organizar para voltar a escrever no blog com mais frequência...

Confira a parte 2 aqui.

Um grande abraço a todos e todas que me leem!

Um comentário:

  1. Adorei o blog e já li alguns posts, escreve mais, o seu conteúdo é riquíssimo, Beijos
    Keila blog (doteserubis.com)

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