Recentemente temos ouvido falar de tantos casos de abuso sexual infantil. E o que talvez raramente paramos para pensar quando ouvimos notícias desse tipo é que certamente muitos adultos de hoje um dia (quando crianças) também foram molestados sexualmente. Essas pessoas normalmente escondem seu passado e sofrem 'sozinhas' as consequências do trauma até hoje. É algo muito triste e imagino que mais comum do que pensamos!
Eu fiz a tradução do texto abaixo a pedido de uma pessoa querida que trabalha com aconselhamento. Fiquei tão impactada pela mensagem que senti de também compartilhá-la com vocês aqui no blog. São palavras de uma mulher de 46 anos que passou pela terrível experiência do abuso sexual infantil e que corajosamente conta como fez para superar a dor e a humilhação de ter sido molestada quando tinha apenas 5 anos de idade.
É uma mensagem linda!
Mesmo que você não tenha sido vítima de abuso quando criança, e nem conheça alguém que foi, acredito que a leitura será benéfica para você. Primeiro porque, como mães, acredito que precisamos ficar atentas e ser prudentes no proteger dos nossos filhos. Confiar em Deus sim, mas desconfiar das pessoas e vigiar! E o segundo motivo é que nunca sabemos que adultos de hoje foram molestados no passado. Talvez essa mensagem seja exatamente o que alguém bem próximo de você está precisando ler. Por isso, a minha dica é que você primeiro faça a leitura e depois passe-a adiante, compartilhando-a com seus amigos!
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A carta que eu escrevi para os meninos que me molestaram – Por Mary Demuth
Publicado em 06/03/2013 no blog www.marydemuth.com
Faz
quarenta e um anos que aqueles garotos grandalhões roubaram o meu
corpo, minha mente, e estilhaçaram a minha alma.
Eles se apresentavam como vizinhos interessantes, dispostos a ajudar
minha antiga babá. Eles me retiravam de suas mãos, para alivar o
peso para ela. O que é estranho se você me conhecesse naquela
época. Eu não dava muito trabalho. Eu já tinha aprendido a arte de
me tornar invisível. E se eu não estivesse me ocupando sozinha, eu
encontrava formas de agradar as pessoas. Eu
era uma boa garotinha. Inocente até.
Esses
garotos amigáveis (irmãos escoteiros) me levavam para o meio do
mato.
Eles convidavam amigos para se revesarem. Eles me violavam debaixo de
árvores com folhagens verdes imensamente altas. Eles me levavam para
casa com eles, roubando mais de mim em suas camas beliches, com um lençol tampando a cama de baixo para que pudessem ter mais
“privacidade”, tudo enquanto a amélia de sua mãe, há dois cômodos
dali, cantarolava músicas animadas enquanto fazia cookies.
Eu
me pergunto se ela sabia.
Eu
me livrava das suas garras dormindo de tarde até o anoitecer. E
depois, nos mudamos dali, para bem longe. Mas a assombração deles
permaneceu comigo. Eu
me sentia suja, violada, completamente sozinha com o meu segredo. Eu
escondi a minha história num canto bem escuro. Ela só voltou à
tona quando conheci Jesus. Primeiro ela vazou, em seguida ela jorrou
de dentro de mim em angústia.
Como perdoar algo assim?
Quando
eu conheci Jesus, eu aprendi que Ele me perdoou. Tendo crescido numa
cultura que fortemente estimula a precocidade sexual, aliado ao fato
do meu pai ser um viciado
sexual,
eu lutei contra a pornografia na adolescência. É
flagrante e vergonhoso escrevê-lo assim, mas aqui está, feio e
real. Eu
tinha dificuldade de acreditar que eu havia sido perdoada de ver
aqueles
livros
e aquelas
revistas.
A
escolha de perdoar aqueles meninos não aconteceu da noite para o
dia. Na verdade, ainda existem fios de falta de perdão no meu
coração, evidenciados pela náusea que sinto neste exato momento.
Porque se eu encontrasse garotos como eles agora que OUSASSEM tocar
nas minhas filhas, meu
primeiro pensamento seria matá-los.
Porém,
Jesus diz que até o pensar em matar é pecado.
Eu
preciso ser perdoada de tantas coisas. Mas como perdoar o abuso dos
meninos?
O
primeiro passo é escolher perdoar. E o passo seguinte é seguir
adiante por esse caminho radical e irracional do perdão.
Hoje
estou dando outro passo rumo ao perdão. Bem aqui, neste exato
momento, por meio do blog. Eu
estou escrevendo uma carta para esses rapazes cujos primeiros nomes
não me recordo, mas cujos sobrenomes me fizeram incansavelmente
procurar no Google, imaginando, imaginando, imaginando o que estão
fazendo hoje em dia.
Será que ele é o professor que foi suspenso por comportamento
inadequado? Será o seu irmão o arquiteto? O advogado?
Eu
não sei quem esses homens são hoje. Mas, se por acaso, pelos
misteriosos planos de Deus, eles algum dia chegarem até este blog,
esta
carta é para eles.
QUERIDOS
MENINOS CUJOS SOBRENOMES REVIRAM O MEU ESTÔMAGO,
Eu
ainda estou brava.
O
que vocês fizeram. Ah, o que vocês fizeram. Suas
escolhas cavaram feridas profundas e gigantescas na minha alma.
Vocês me roubaram. Minha inocência. Meus olhos esbugalhados. Minha
visão gloriosa da vida. Minha coragem. Todos
raptados. E no pós abuso sexual, eu me afundei. Eu acreditei em
mentiras a meu respeito.
-
Eu não sou digna de ser protegida.
-
Meu valor próprio = minha sexualidade, em muito deformada.
Vocês
pensaram nessas coisas quando vocês satisfizeram seus desejos
doentios? Vocês
tinham noção de que iriam destruir a vida de uma garotinha de
pré-escola?
Vocês não tinham vergonha de violar uma menina de 5 anos em nome
dos seus próprios prazeres? Vocês eram tão corajosos em seu
pecado, me violaram enquanto sua mãe cozinhava. Sem medo. E, no
entanto, suas ações me fizeram viver amedrontada durante a maior
parte da minha vida, sempre procurando pelos cantos, fugindo,
fugindo, fugindo, com medo de que um vilão me pegasse.
Vocês
me marcaram. Desde os seus atos de abuso, uma marca foi posta na
minha testa para que todos os abusadores e molestadores pudessem ver,
como se fossem uma luz negra, uma marca fluorescente. Era um
passe-livre para outros predadores.
Eu
ainda estou com raiva. Porque
quando minhas próprias filhas completaram cinco anos, eu mal podia
respirar. Quanto medo.
Quanta tristeza. Tudo
o que eu queria era proteger as minhas meninas.
Eu
era tão pequena quando vocês me levaram para o meio do mato. Tão
incapaz de fugir. E se eu tivesse tentado, suas palavras ameaçadoras
me fariam dar meia-volta e ser reviolada. “Vamos
matar os seus pais se você contar para alguém”.
Para proteger os meus pais, eu mantinha a boca bem fechada. E eu não
ousava correr.
Mas
se eu ficar acampada na terra da vingança, minha alegria vai se
definhar.
Vocês terão vencido a batalha.
Sabem,
eu conheci Jesus aos quinze anos de idade,
dez anos depois de vocês me encherem de pavor e cinco anos depois da
morte do meu pai. Jesus amorosamente me encontrou bem a tempo.
Aqueles sinuosos pensamentos suicidas estavam tomando conta da minha
mente. Eu ficava me perguntando o que será que eu estava fazendo
nesta terra tão cheia de árvores altas e com folhagens verdes. Eu
tinha nascido para ser violada? Para ser usada por outros como vocês
dois? Ou será que eu tinha algum outro propósito desconhecido.
Debaixo
de uma árvore com folhagens que nunca perdem o seu verde, as
memórias da sua moléstia fizeram os meus olhos queimarem. E, no
entanto, naquele local sagrado, eu tive um encontro com Jesus. Ele
pegou o meu pecado (todos eles, inumeráveis eram/são) e o atirou
longe, como uma bala, há bilhões de quilômetros de distância de
mim.
Ele me limpou, purificou meu coração ferido, e me colocou na
bela/dolorosa estrada da cura. Ele carregou o meu pecado e a minha
dor.
Ele
transformou os meus “Eu
fui” e “Eu era” em “Eu sou” e “Eu recebi”.
-
Eu fui molestada. Eu sou amada de Deus.
-
Eu fui roubada. Eu recebi vida eterna, abundante e cheia de alegria.
-
Eu era menos. Eu sou mais do que eu imaginei que pudesse ser.
Eu
sou livre para perdoar vocês. Eu
sou livre para olhar para vocês com graciosos olhos de graça.
Eu fui feita completa por um Deus santo. Aleluia!
Eu
entendo melhor agora. Eu agradeço a Deus porque, quando eu cheguei
na idade que vocês tinham, eu encontrei Jesus. Eu
poderia ter sido vocês.
Eu poderia ter cedido aos desejos vis dentro de mim, permitido que
eles transpusessem todas as barreiras, se eu não tivesse sido
resgatada. Sem Jesus, eu estremeço de pensar o que eu poderia ter me
tornado. O que me coloca num lugar vulnerável e me traz uma
profunda, profunda tristeza por vocês.
Se
as estatísticas se traduzirem em realidade, vocês não me violaram
apenas para “tirar onda”. Vocês
imitaram a vida que tinham.
Vocês reproduziram justamente aquilo que lhes trazia maior angústia.
Aquilo que vocês odiavam é o que vocês se tornaram. Houve um dia
em que vocês decidiram se entregar à insanidade de suas mentes, que
os fazia crer que vocês mereciam o prazer. Alguém roubou isso de
vocês, então vocês se acharam no direito de roubá-lo de outra
pessoa também.
Eu
vejo Jesus, nú estendido na cruz, com dificuldades para respirar.
Ele conhece bem como é sentir-se vulnerável por estar nú. Naquela
cruz Ele poderia ter crucificado todos os molestadores, todos os que
O enviaram para lá, mas Ele inspirou e expirou desenfreado perdão.
Ele escolheu fazer o que vocês não fizeram. Ele sofreu pelo pecado
de outra pessoa. E em vez de praticar a vingança, Ele inaugurou a
era da graça.
Eu
desejo Jesus para vocês.
Eu
me preocupo com vocês. Talvez vocês esconderam suas memórias
daquela pequena comunidade próxima das águas salgadas. Talvez vocês
apagaram aquele matagal da sua mente. Vocês o empurraram lá, lá pra
baixo. A
culpa os corrói, mas vocês não conseguem explicar o porquê.
Eu sou prova, uma linda prova, de que vocês podem ser libertos.
Vocês podem ser limpos. Vocês podem ser perdoados.
Mas
não é possível ser limpo em silêncio. Uma história não contada
nunca sara.
Eu os desafio, como aquela garota de joelhos esfolados que vocês
sexualmente molestaram, a se abrirem. Contem a história. Peçam para
Jesus perdoá-los.
A
única coisa que eu posso fazer é orar para que vocês encontrem
esta carta, por um daqueles “acasos” graciosamente soprados por
Deus, e finalmente queiram ser libertos do que fizeram. Eu perdoo os dois, irmãos no crime. Os irmãos que arruinaram um ano
de minha vida de temores e cicatrizes. Os irmãos que provavelmente
foram violados também. Venham para a fonte do perdão, inaugurada
por Jesus. Deixe que as minhas palavras sejam sua porta de entrada: Eu
perdoo vocês.
A
minha montanha de pecados contra um Deus santo tornam insignificante
o montículo de terra do que vocês praticaram contra mim. Eu leio as
palavras de Jesus sobre o servo impiedoso e compreendo: “Então o
senhor chamou o servo e disse: 'Servo mau, cancelei toda a sua dívida
porque você me implorou. Você
não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de
você?”
(Mateus 18:32-33).
Se
eu realmente, realmente acredito no Jesus nú pendurado na cruz, que
carregou toda a minha vergonha, o meu pecado e a minha lama, então
eu preciso acreditar que o sacrifício dEle é suficiente para vocês
também. A misericórdia dEle acende em mim profunda misericórdia
por vocês.
Este
carinho, esta dor que eu sinto por vocês é algo estranho. Eu
anseio vê-los livres das memórias, do abuso que vocês praticaram e
do abuso dos quais foram vítimas. Eu não tenho soluções
inteligentes ou posso arcar com os anos de terapia necessários para
erradicar a dor. Tudo o que eu tenho é o amoroso Jesus. Tudo o que
eu tenho é a minha vida restaurada. Tudo o que eu tenho é o
meu testemunho. Tudo o que eu tenho é a certeza de que está tudo
bem. Eu sou loucamente amada pelo meu Criador. Eu fui sarada. Eu vivo
uma vida de alegria verdadeiramente impossível.
Eu
estou irada. Mas a minha raiva muda de foco quando eu percebo que a
arma mais poderosa que Satanás tem é a molestação sexual.
Eu estou irada com os poderes das trevas que abrem feridas profundas,
dolorosas e assustadoras por meio de pornografia, de tráfico sexual,
de abuso sexual e de vício sexual. Eu fico enfurecida porque ele tem
conseguido roubar, matar e destruir tantas vidas.
Isto
precisa parar. Por mim. Por vocês. Por nós.
Satanás,
esses meninos, que hoje são homens, não pertencem a você. Satanás,
você não tem permissão para ter vitória nesta área. Jesus
triunfa sobre suas obras sujas. O
que você alegremente aplaudiu no escuro, Jesus audaciosamente cura
na luz.Você
não pode e não irá vencer. A luz sempre, sempre, sempre dissipa as
trevas. Sempre. Seus dias estão contados, e os seguidores de Jesus
estão ENOJADOS das suas armadilhas sexuais contra a humanidade.
Nós
nos levantamos para a cura. Nos levantamos na força de Jesus por
amor a futuras vidas radicalmente salvas.
Nós, que conhecemos a redenção, estamos cansados de nos atolarmos
num passado sofrido. Em contrapartida, agora nos LEVANTAMOS. Nós
dançaremos. Entregaremos
nossas vidas curadas para resgatar almas das trevas.
O que Satanás (e até vocês, irmãos) pretendeu para o mal, Deus
fez uma reviravolta santa. Nós, que éramos desesperadamente
carentes de resgate, agora somos agentes de salvação, de
reconciliação e de perdão.
Ah,
que vocês experimentem esta nova, nova vida que Jesus oferece a
vocês, irmãos do sobrenome. Eu os convido para esta caminhada. E
se, pela graça transformadora de Deus, algum dia nos encontrarmos
debaixo das altas árvores cujas folhas estão sempre verdes, eu
quero abraçá-los. Eu orarei por vocês. Eu chorarei. Eu direi
palavras de perdão. Eu
os convidarei para a família dos bagunçados-porém-redimidos.
Debaixo
da doce e gloriosa luz de Jesus,
Mary,
não mais com 5 anos, agora amada integralmente
P.S.
Se você está lendo esta carta, e você tem a mesma
história que esses dois irmãos,
por favor permita que esta mensagem fale fundo no seu coração. O
Deus que foi pendurado nú oferece a você uma saída. Suas mãos com
cicatrizes são as mãos de vitória, de perdão e de luz. Estenda as
mãos para Ele. Aquele que se inclina sobre a terra está chamando
por você.
P.P.S.
Se você está lendo esta carta e você é a criança debaixo das
árvores, considere
escrever uma carta.
Neste momento, eu posso dizer que a catarse é uma bênção e a
entrada para a família de Jesus é a consequência.
Tradução e publicação feita com a devida autorização da autora.
Fonte: http://www.marydemuth.com/how-do-you-forgive-a-sexual-abuser-by-writing-a-letter/
Tradução e publicação feita com a devida autorização da autora.
Fonte: http://www.marydemuth.com/how-do-you-forgive-a-sexual-abuser-by-writing-a-letter/
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