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Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A pequena caixinha chamada escola

Este ano completei 30 anos de idade. Refletindo sobre os meus aprendizados, percebo como as minhas experiências de um tempo pra cá têm servido para eu repensar e amadurecer alguns conceitos de vida. Já aconteceu com você? Por exemplo, as bases de uma crença que você defendia desmoronarem diante dos seus olhos, ou ainda, uma prática que você tanto criticava de repente lhe tornar atrativa? Fazendo a minha retrospectiva, vejo que isso aconteceu comigo em diferentes níveis. E o elemento comum nas mudanças de pensamento era essencialmente o reconhecimento de que a minha perspectiva original baseava-se não em conhecimento real, mas em preconceitos e no senso comum que eu, de alguma forma, incorporei ao longo dos anos.

Para começar com a experiência do parto, lembro-me vividamente discutindo a questão enquanto adolescente com colegas de classe. Eu morria de medo da dor e falava que não teria coragem de parir, que iria com certeza adotar (engraçado que cesária não era uma possibilidade para mim). Claro, hoje penso completamente diferente, creio na perfeição do corpo humano e como Deus criou o parto para beneficiar mãe e bebê, além de ser uma experiência maravilhosa e rito de passagem.

Outra mudança de pensamento recente é a ideia da mãe abandonar o trabalho para ficar em casa e criar os filhos, jamais conseguia me imaginar fazendo isso, achava uma prática retrógrada e sem sentido - justo eu que comecei a trabalhar adolescente, amava o que fazia e me considerava bem-sucedida profissionalmente. Não preciso nem dizer que como a minha visão mudou depois que a Nicole nasceu e chegou o momento de decidir onde deixá-la para eu voltar às minhas atividades na empresa. E eu então percebi que a maternidade ampliava meus horizontes, horizontes esses que antes, olhando de fora, eu não era capaz de enxergar.

Também teve a questão espiritual, tendo crescido numa igreja protestante histórica eu era preconceituosa com outros grupos evangélicos mais carismáticos e seus cultos avivados. Mas a verdade é que a gente só pode criticar com propriedade algo depois de conhecê-lo de verdade - não como expectadora, mas como participante engajada. E foi o que eu fiz, por sete anos me envolvi com uma igreja cristã neopentecostal e, apesar de atualmente estar de volta numa igreja de linha mais tradicional, aprendi muito na igreja anterior. A experiência serviu para eu amadurecer na minha caminhada com o Senhor e também compreender que há irmãos em Cristo sinceros e fervorosos, que amam a Deus e querem viver Seus propósitos, em toda a parte (inclusive católicos). Em essência, há mais pontos que nos unem do que nos separam.

E você, já parou para pensar o quanto você absorve e é influenciado pelo senso comum do dia-a-dia? O post de hoje vai tratar sobre um assunto que vem me perseguindo ultimamente e que está me desafiando a conhecer e pensar mais profundamente a respeito: o homeschooling!! Você já ouviu falar? Sabia que existe até uma Agência Nacional de Educação Domiciliar? Pois é, eu não - descobri só recentemente. O que acontece é que, assim como Edilberto Sastre explica no post intitulado Homeschooling: senso comum, bom senso e saber científico (do blog Desescolariza), a maioria de nós - inclusive autoridades públicas e "especialistas" - baseia-se unicamente no senso comum para achar que esta prática é um verdadeiro absurdo e, assim, criticar famílias que optam por uma forma alternativa de educar os filhos sem, contudo, realmente saber o que é e em que se fundamenta atualmente as crenças e práticas da educação domiciliar!

Foi o que a Dra. Rosely Sayão, psicóloga e consultora educacional do quadro "Seus Filhos" da Band News FM (junto com Inês de Castro), fez quando escreveu para a Folha de S. Paulo o artigo "Fora da Panelinha". Em resposta, o advogado e teólogo Fábio Blanco publicou no blog Discursos de Cadeira uma carta a ela. Chama-se "A pequena caixinha chamada escola - uma resposta à Dra. Rosely Sayão" que, por ser um texto absolutamente brilhante que exprime bem como eu penso e sinto atualmente com relação às "sandices universitárias" (para usar um termo irônico que ele usa) que ouço na USP, reproduzo abaixo.

A pequena caixinha chamada escola - uma resposta à Dra. Rosely Sayão

Dra. Rosely Sayão:
 
Em teu texto publicado no jornal Folha de São Paulo, chamado "Fora da panelinha", é admirável tua preocupação com as crianças que vivem em famílias que optaram pela educação em casa, aquilo que em outros países é conhecido como homeschooling. Tuas afirmações são espantosas e merecem ser bem avaliadas.

Como psicóloga, sabes que qualquer ser humano, seja adulto ou criança, necessita de instrução e de direcionamento. Por si mesmo, o homem tende a se perder. Tu mesmo adquiriste teus conhecimentos aprendendo de teus mestres e lendo autores que, antes de ti, descobriram o que hoje tu podes saber simplesmente correndo teus olhos pelas letras de um livro.

Onde está, portanto, o conhecimento? Em edifícios criados para receber centenas ou milhares de crianças de uma única vez? Não, e tu sabes disso. O conhecimento está nos livros, nos trabalhos, nas publicações, nos registros das experiências e dos pensamentos. Também está na cabeça dos mestres que possuem a capacidade de transmiti-lo com sabedoria e paciência.

No entanto, quem escolhe os livros e os professores que ensinarão nossos filhos nas escolas? E qual o método de ensino? E o acompanhamento, quem fará? Ora, se eu posso escolher, segundo meu entendimento sobre qual o melhor material a ser usado, a capacidade do mestre que ensinará meus filhos, segundo o método que eu entendo mais eficiente, por que devo ser obrigado a depositar minhas crianças em um prédio no qual elas serão apenas mais uma dentro de um universo gigantesco, aprendendo não de acordo com suas capacidades e possibilidades, mas conforme uma média de conhecimento que possa abarcar todos que lá estão?

E que tu não venhas me dizer que os filhos não me pertencem e que eu não tenho direito de direcionar suas vidas. Tens filhos? Sabes o que é isso? Se tens, colocaste eles em uma escola que tu acreditas ser a melhor, que dará melhor ensino e os preparará melhor para o futuro. O que é isso senão o direcionamento de suas vidas? Não estás fazendo com tuas crias o que um proprietário faz com seus bens, aplicando onde acreditas ser o mais rendoso? Os motivos que me fazem preferir que eu escolha a forma como meus filhos vão estudar são os mesmos que tu tens para escolher a escola dos teus.

A diferença entre nós é que tu crês que a escola é realmente um lugar de conhecimento. Como típica acadêmica, prostra-te diante deste ídolo de pedra, que promete, sem cumprir, um futuro brilhante para aqueles que ingressam em seus templos. Tu és, inclusive, cria desse lugar. Como uma sacerdotisa, embriagada pelo vinho do falso conhecimento, inebriada pelas visões quiméricas de catedráticos charlatões, acreditas que fora desse seu universo não há conhecimento, não há sequer vida que valha alguma coisa.

Por isso tu afirmas que aqueles que optam pelo homeschooling o façam por medo do conhecimento. Em tua sandice universitária, vês esses como ignorantes, retrógrados, que temem expor seus filhos a novas teorias, novas formas de pensar. Diante disso, só posso te fazer uma simples perguntinha: de onde tiras tais parvoíces?

Em teu orgulho acadêmico, acreditas sinceramente que uma escola, simplesmente por ser escola, é a depositária do verdadeiro conhecimento. É óbvio que acreditas que todas as teorias, todas as descrições históricas, todas as hipóteses levantadas em sala de aula são inatacáveis. Para ti, o conhecimento é algo estático, propriedade de um grupo, principalmente daqueles que possuem a autorização governamental para fornecer diplomas.

Não percebes que o conhecimento é algo que está além dos muros da academia. Que são os homens que o carregam e o transmitem. Por isso, não entendes que a opção desses pais é, ao contrário do que afirmas, possibilitar que suas crianças tenham acesso a um conhecimento mais amplo, mais sólido e mais profundo do que as escolas podem oferecer.

Defendes as escolas como se elas fossem o paraíso do saber. Com isso, mostras que, além de não compreender o que é o conhecimento, ainda tens o olhar obscurecido para a realidade. Nunca ouvistes falar da péssima formação dos professores, da falta de estrutura das escolas públicas, da ausência de método no ensino e da grade curricular limitadíssima imposta pelo governo? De que escola te referes? Talvez, daquelas que apenas pessoas abastadas podem dar a seus filhos, das quais apenas as mensalidades são de valor maior que o salário de 90% dos brasileiros. Agora entendo porque acreditas que a educação em casa é o mesmo do que a perda do convívio social. Para ti, mulher de posses, há apenas dois ambientes sociais para teus filhos: a família e a escola. Não conheces nada além disso. Para ti, uma criança viver socialmente é ingressar em prédios que parecem mais presídios, cercados de seguranças e arame farpado, sendo monitorada todo o tempo, com horário para todas as atividades. Este é o teu conceito de liberdade, não é? Bom, é bem parecido com as utopias totalitárias imaginadas durante mais de quatro séculos até hoje.

Nunca passou pela tua cabeça que quando escolhes uma dessas escolas estás tentando dar a melhor instrução e o melhor ambiente para teus próprios filhos? E que diferença há entre isso e decidir dar toda a educação fora desse ambiente cerrado? Não, os adeptos do homeschooling não temem o conhecimento, mas querem oferecer para seus filhos mais conhecimento do que qualquer escola pode dar. Tu queres passar a idéia de que são estes os entenebrecidos, quando, na verdade, o que eles buscam é a verdadeira luz do saber.

Tu, com estas divagações, pelo contrário, demonstra-te preconceituosa. O que dizes parece demonstrar uma afeição à diversidade e à universalidade, mas denota, apenas, que não consegues pensar nada fora da pequena caixinha chamada escola. Devias saber que se há algum conhecimento na escola, ele veio de fora e não foi criado em sala de aula. Ora, se ele reside fora dos prédios escolares, por que não buscá-lo diretamente em suas fontes?

E ainda tens coragem de te mostrares amante da liberdade? Acusas os pais adeptos da educação em casa de a ofenderem ou temerem, mas não percebes que és tu que a odeia? Tu não consegues aceitar que os pais possam ter liberdade de escolher a melhor maneira de educar seus filhos. Nem de que esses filhos tenham a liberdade de aprender diferente e além do que se ensina dentro dos currículos herméticos determinados pelo Estado. Se tu amas a liberdade, se te delicias com a diversidade, por que tens tanta dificuldade de aceitar que pais tenham a liberdade de decidir pelo melhor para seus filhos e por que não aceitas a diferença que há entre a visão de mundo deles e a tua?

Na verdade, tu és como os outros: fingem amar a liberdade, fingem defender a diversidade, mas odeiam tudo aquilo que é diferente do que consideram seu mundo ideal. És, de fato, intolerante e não sabes lidar com o que não conheces.

Além disso, o que escreveste apenas demonstra que sequer te informaste sobre a tradição do homeschooling, seus métodos, suas formas, suas possibilidades. Despejaste no papel apenas impressões e preconceitos. Com isso, demonstras muito bem o que acontece com aqueles que são forjados dentro dos pátios das academias.

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