Enquanto eu olhava algumas roupas para usar no final da gestação, o Tiago começou a ficar inquieto e agitado devido à falta de sono aquele dia. Começou a correr pela loja, querendo que eu o perseguisse e brincasse. É óbvio que a mamãe, grávida de 8 meses e extremamente cansada não podia fazer isso! Então expliquei para ele que agora era hora de descansar um pouco e sentar no carrinho. Você já pode imaginar a reação dele...birra! Começou a chorar, bater o pé e encurvar as costas enquanto o colocava no carrinho. Pacientemente continuei explicando que ele precisava descansar agora e sentar no carrinho até o papai chegar, e consegui prende-lo no carrinho. Ele continuou chorando (bem alto) e eu continuei calma (a estas alturas, ou fico calma ou enlouqueço), explicando novamente e lembrando ele que precisava obedecer a mamãe. Continuei olhando as roupas e ignorando os muitos olhares das pessoas ao redor que ouviam ele chorar. Ele então se acalmou e ficou sentadinho no carrinho.
Fomos até o trocador e enquanto provava uma blusa, com o carrinho ao lado no corredor, uma mulher começou a conversar conosco. Falou que sua neta tinha a mesma idade e de repente falou "nossa, que bonzinho, minha neta não fica no carrinho assim por nada!". Olhei pra ela e falei "ah, mas meu filho não tem opção".
É sobre isso que queria escrever. Nós, como pais, recebemos o que toleramos. Se damos liberdade para nossos filhos tomarem todas as decisões que cabem a eles, a respeito do que podem ou não fazer, dizer, etc., então teremos muitos conflitos. Se toleramos a desobediência quando pedimos algo 2, 3, 4, 10 vezes, teremos desobediência quando pedimos 2, 3, 4, 10 vezes.
Como cristã, tenho a plena consciência de que Deus me colocou como autoridade sobre a vida de meu filho. Como mãe, tenho que cumprir o dever que Deus me deu em moldar a vida de meu filho, não para o meu agrado, mas para o agrado de Deus. Em Gênesis 18:19, Deus diz em relação à Abrãao:
"Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo."Ensinar meu filho a obedecer é um ato de obediência para mim também. Isso me da a responsabilidade não apenas de exercer autoridade sobre o meu filho, mas a responsabilidade de exercê-la com sabedoria. Estou cumprindo um dever que Deus me deu.
Estou lendo um livro que tem falado muito ao meu coração em relação a isso. Chama-se "Pastoreando o Coração da Criança" por Tedd Tripp. Em certo trecho ele fala sobre como ele tem observado, principalmente em seu papel de administrador de escola, como a maioria dos pais deixaram de entender o quanto é necessário que assumem o controle da vida de seus filhos. Vou citar um trecho que explica isso:
"Poucos estão desejosos a dizer, por exemplo: 'Preparei aveia para o seu café da manhã. É alimento bom e nutritivo, quero que você coma. Em um outro dia, vamos ter algo que você gosta mais'. Muitos estão dizendo: 'O que você quer para o café da manhã? Você não quer a aveia que eu preparei, você quer outra coisa?' Isso soa muito bondoso e bem-educado, mas o que realmente está acontecendo? A criança está aprendendo que ela é quem realmente decide. O pai ou a mãe apenas sugerem as opções. O cenário se repete na experiência de crianças pequenas na escolha da roupa, horário, escolhas sociais, tempo de lazer e assim por diante."Ele continua a explicar que os anos vão passando e a criança se torna cada vez mais fora de controle e dona de si mesma, pois infiltrou-se nela isso desde pequeninha quando o pai ou a mãe tornavam cada decisão uma variedade de escolhas para ela decidir.
Como pedagoga, sei o quanto as crianças precisam ser dadas a oportunidade de tomarem decisões por si mesmas as vezes e até de sofrerem as consequências de suas decisões. Porém, não podemos esquecer que nossos filhos farão boas decisões se observarem em seus pais uma autoridade e responsabilidade em modelar, instruir e tomar decisões sábias. Não podemos exigir que com 2 anos nosso filho sabia decidir sozinho o que é melhor para ele (por exemplo, se quer ou não sentar na cadeirinha do carro!). Temos que ensiná-lo a obediência aos pais por isso. Não vamos ensinar isso se dermos a ele a liberdade para escolher tudo.
Ensinar obediência aos pais ensinará nossos filhos a serem respeitosos e obedîentes a outras autoridades também, principalmente a de Deus! Assim, ensinaremos nossos filhos a caminharem em Seus caminhos! E quão feliz é aquele que teme à Deus e anda nos Seus caminhos!
"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Prov. 9:10
"Quem acolhe a disciplina mostra o caminho da vida, mas quem ignora a repreensão desencaminha outros." Prov. 10:17
"O filho sábio dá alegria ao pai." Prov. 10:1
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