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Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Violência obstétrica em foco - sobre o documentário e a minha experiência

No fim do mês passado recebi por e-mail a divulgação do vídeo-documentário popular Violência Obstétrica - A voz das brasileiras, publicado no youtube em 24/11/2012, com os seguintes esclarecimentos:

"Peço que assistam e divulguem em todas as suas redes. Esse vídeo-documentário popular foi produzido por colegas do grupo de pesquisa GEMAS da Faculdade de Saúde Pública da USP, coordenado pela Professora Simone Diniz. Foi realizado a partir de vídeos caseiros gravados pelas próprias mulheres vítimas de violência obstétrica, absolutamente rotineira em serviços públicos e privados no momento do parto / nascimento. São 51 minutos de compartilhamento de angústias. Vamos auxiliar a dar visibilidade a esta questão, e assim resgatar para as mulheres o direito a uma assistência digna e baseada em escolhas informadas pela evidência".

O termo "violência obstétrica" é novo para mim e achei a iniciativa desse grupo de pesquisa muito válida! No entanto, sem querer desmerecer o esforço de quem se envolveu nessa bela empreitada (com certeza deu um trabalhão), a produção do vídeo deixou a desejar em alguns quesitos que eu considero importantes. Isso, infelizmente, me desmotivou a continuar assistindo e quase me fez desistir duas vezes - eu que amo esse assunto, imagine quem tacha como "frescura" esse movimento pró parto normal?

Considerações sobre a produção do documentário
1. Cada mulher filmou seu próprio depoimento em casa, então a qualidade do áudio ficou ruim - o que é compreensível, mas poderiam ter colocado uma legenda; há momentos que, em meio a barulho de cachorro, papagaio e carros na rua, não dá para entender o que a pessoa está dizendo.

2. Eu particularmente também não gostei da forma como foi feito o recorte dos depoimentos - ficaram picados e eu tive dificuldade de acompanhar a história inteira de cada mulher.

3. Após poucas palavras, já havia um longo intervalo para reforçá-las, sem conteúdo relevante que justificasse isso. Isso tornou o vídeo cansativo para mim. Sem querer, obviamente, menosprezar a dor das mulheres que contaram suas histórias (porque me empatizo com elas!), o recurso dos intervalos exagerados para provocar tensão, como nos jornais sensacionalistas - pouca informação clara e muito drama - não era necessário e me incomodou. O "relato simples", eu creio, já teria sido suficiente para emocionar.

4. Em algumas falas, as mulheres usam nomes técnicos para comentar procedimentos adotados pela equipe médica e não há um esclarecimento em linguagem comum do que eles significam. Como a intenção do documentário é atingir, dentre outros, o público feminino leigo para que se atente à esta importante questão, acho que poderia ter havido um pouco mais de esclarecimento de pontos que passaram batido.

Apesar desses pontos contras, como falei acima, o tema é muito pertinente e acredito que merece sim ser divulgado! Inclusive, para quem se interessar, a Lígia Moreiras Sena, uma das principais defensoras do movimento contra a chamada 'violência obstétrica' e autora do blog Cientista que Virou Mãe, publicou um post contando um pouco sobre como foi A repercussão do documentário.

Claro que não posso terminar esse post sem falar do que é o mais importante: o essencial do documentário -  aquilo que ele agregou de conhecimento a mim e a reflexão que pude fazer à medida que ouvia os relatos e pensava na minha própria experiência. Para fazer esse post, fiz questão de assisti-lo todo mais uma vez e, como eu já sabia do que se tratava, achei que a experiência da segunda vez foi muito melhor. : )

Minhas duas experiências de parto foram na mesma maternidade. Curiosamente, numa das maternidades campeãs em nº. de cesarianas aqui em SP, segundo informação divulgada pelo documentário (Sinasc 2011). Em 2011, ano do nascimento de minha segunda filha, 93,8% dos partos que aconteceram no Hospital e Maternidade Santa Joana foram cesarianas! Parece que eu fui uma das poucas mamães que conseguiu ter o filho por parto normal (ou anormal, como eu costumo dizer) ali. De cara isso já diz algo sobre a experiência da equipe obstétrica em conduzir partos normais. Partos naturais então nem se fala! Pelas minhas duas experiências, ninguém ali conhecia (ou tentou me orientar sobre) técnicas não-farmacológicas para amenizar a dor da parturiente ou para ajudar na evolução do TP (=trabalho de parto). A equipe não estava preparada para dar esse tipo de suporte para as suas pacientes.

Reflexões sobre o documentário e a minha experiência
A minha primeira experiência de parto no Hospital Santa Joana dois anos antes (em 2009) eu considerei muito boa - mas isso eu atribuo basicamente ao fato de eu ter chegado lá quase parindo. Em três horas minha filha nasceu. Aguentei as contrações, que para mim eram toleráveis, em casa - apesar de ter sido orientada a chegar no hospital logo para dar tempo de tomar duas doses de um antibiótico contra estreptococos, sendo a primeira com seis horas de antecedência. Como cheguei ao hospital com 4 pra 5 cm de dilatação (após quase sete horas do início das contrações de TP), só deu tempo de tomar uma dose, mas, felizmente, não houve contaminação e tudo correu rápido e bem, exceto pelo fato de eu ter vomitado durante o momento expulsivo por causa da anestesia raqui na hora de fazer a episiotomia (corte no períneo supostamente para facilitar a passagem do bebê e que hoje eu sei que é uma intervenção cientificamente considerada desnecessária). Eu me lembro que estava enjoada e tinha pedido para comer e também para tomar banho enquanto aguardava passivamente o fim do TP. Estava calor e eu muito suada, mas não fui autorizada! Também não me ofereceram água pra beber durante todo o tempo em que fiquei ali deitada. Na hora de fazer força para a bebê nascer (após anestesiada estouraram artificialmente minha bolsa), pedi algumas vezes para ligar novamente o ar condicionado porque eu estava sentindo um calor absurdo (quem já vomitou deve se lembrar do suador e mal-estar que dá!). Nesse momento estava uma movimentação louca dentro da sala, entrando e saindo várias pessoas ao mesmo tempo e foi uma agitação que só. A resposta foi que não podiam ligar o ar porque a bebê estava prestes a nascer, mas alguém ali bem que poderia ter se oferecido para me abanar, né? Rsrs.

(Apenas um rápido parêntese, quero tirar uma dúvida - se alguém souber responder, ficarei muito grata - no documentário alguém fala que não pôde usar a banheira por risco de infecção. Acho que foi uma das mulheres que ganhou no Hospital Albert Einstein aqui em SP. Isso me chamou a atenção porque uma conhecida minha ganhou lá recentemente e disse a mesma coisa! É verdade que usar a banheira existe risco de infecção? Não bastaria apenas esterilizá-la?).

Apesar de hoje saber que muitas coisas não foram como recomenda a Organização Mundial da Saúde sobre assistência humanizada ao parto, para mim foi tudo lindo. As coisas desagradáveis foram ofuscadas pela beleza do momento e a sensação de ter conseguido parir. Me senti vitoriosa! Fui tratada com respeito, meu marido ficou ali o tempo todo do meu lado, as pessoas foram gentis, estavam de bom humor, me deram muitos parabéns quando a bebê nasceu e eu me senti realizada de ver aquele rostinho lindo e saudável. É algo inexplicável. Infelizmente, não trouxeram minha filha para mamar assim que ela nasceu - como eu tinha imaginado que seria - e tive um pós-parto muito ruim: ainda enjoando e vomitando muito, sem poder ter a companhia do meu marido (pois estava em enfermaria e tinha acabado o horário de visita). Me senti muito sozinha aquela primeira noite no hospital. O dia tinha sido intenso e agora eu me sentia abandonada. Queria muito ver minha filha, mas só a trouxeram para o quarto muitas horas depois. Também continuei sem tomar banho, o que me deixou muito indignada - estava toda nojenta, como poderia descansar daquele jeito? Apesar de extremamente feliz, eu também estava muito sensível, me sentindo vulnerável e só.

Enquanto o primeiro parto foi um "quase" parto dos sonhos (uma vez que pelos meus padrões da época já que não sabia nada sobre parto humanizado), o segundo foi um pesadelo. Terrível erro de ter ido cedo demais para o hospital - fez toda a diferença e triplicou a intensidade da dor e do estresse emocional que eu senti. As pessoas costumam dizer que imediatamente depois que o bebê nasce a mãe esquece todo o sofrimento que passou para parir a criança. O meu primeiro parto foi assim, tanto que eu quis repetir a dose e abri mão até da anestesia, na esperança de ter um parto ainda mais tranquilo (dessa vez sem vômitos). Mas no segundo parto não. Esse terminou comigo aos prantos. E eu não chorava de alegria. Me sentia ferida por dentro e por fora. Meu palpite é que a mãe se esquece sim das dores do parto, sobretudo se foi tratada com respeito durante o TP, se recebeu incentivo positivo no momento da agonia. Dor física a gente esquece fácil, já dor emocional é bem mais difícil - porque envolve perdoar.

Acredito que eu posso afirmar que o que eu vivi no parto de minha segunda filha foi, de fato, "violência obstétrica". E digo mais, para a minha própria vergonha, foi "violência obstétrica consentida", se é que este termo existe. E consentida não apenas porque ao me internar no hospital eu estava espontaneamente me submetendo às normas e procedimentos médicos daquele local, mas principalmente porque eu não fiz mais em me preparar para ser a protagonista do meu próprio parto. Sem perceber entreguei a responsabilidade que era minha nas mãos de terceiros. Abdiquei do meu papel na ilusão de que é assim mesmo que tem de ser: o médico e a equipe fazem tudo e eu apenas obedeço porque são eles quem sabem das coisas - me limitei a ser mera coadjuvante de um evento fisiológico do meu próprio corpo! Fui passiva antes e durante. "A primeira experiência foi tão boa", pensei, "que nem preciso fazer nada. Basta ficar ali deitadinha como fiz da primeira vez, esperando alguém me dizer o que fazer, que vai dar tudo certo". Ledo engano!

Abaixo relato três situações de que me lembrei enquanto assistia ao documentário; são tratamentos que eu acredito que caracterizam a violência obstétrica da qual trata o documentário. Todas dizem respeito à minha segunda experiência de parto.

No pré-parto:
A auxiliar de enfermeira diz ao me colocar na ocitocina duas a três horas após a minha internação: "Agora você vai saber o que é sentir dor, agora é que o couro vai comer".

Minha resposta: Fiquei sem graça, mas acho que não disse nada. Hoje fico pensando no que levaria uma auxiliar de enfermagem de maternidade a falar uma coisa dessas para uma parturiente. Parecem absurdas suas palavras, né? Pois é, eu também acho, mas meu palpite é que ela não falou aquilo como profissional da saúde treinada para dar assistência a partos normais (que dirá assistência humanizada!). Ela falou como mulher que provavelmente teve uma experiência de parto bem ruim, como alguém que conhece na pele a ação desse hormônio artificialmente produzido e, em sua ignorância, deve achar que é assim mesmo - parto tem de ser com "sorinho" pra acabar logo e tem de doer muito, a mulher tem de se descabelar e berrar como uma condenada, igualzinho a gente vê nas cenas dos filmes. Em seu treinamento de enfermagem com certeza nunca disseram a ela que há outras formas (naturais) de acelerar as contrações do TP e também de aliviar a dor. E também ela com certeza nunca ouviu falar que o apoio e amparo psicológico à parturiente visando seu bem-estar emocional fazem toda diferença para a evolução do TP. Mas, por algum motivo, não fiquei com raiva dela. Fiquei com raiva do hospital por ter treinado mal a sua equipe. Fiquei com mais raiva ainda da enfermeira responsável pelo turno da madrugada que não deu a mínima pra mim. Da meia-noite às 7:00 da manhã só a vi duas vezes - pra amarrar a fita do cardiotoco na minha barriga, aparentemente algo que a auxiliar de enfermagem não poderia fazer. Ela sim tinha a obrigação de entender sobre partos e sobre o que recomenda a OMS (=Organização Mundial da Saúde) sobre assistência humanizada ao parto!

No pós-parto:
Após o nascimento, depois de eu ter berrado de dor e sofrido absurdamente por causa das contrações induzidas com ocitocina sintética, a médica irritada porque ainda reclamo de dor e fico me contorcendo enquanto ela tenta tirar a placenta (e hoje sei que, se na posição adequada, o corpo a expele sozinha!) e me suturar solta: "Foi do jeito que você quis. Foi do jeito que você quis". Nas entrelinhas entendi: Foi você quem pediu para ser sem anestesia, agora cale a boca e aguente até o fim. Ela repetiu a mesma frase algumas vezes. Minha primeira reação foi engolir em seco e ignorar (mesmo porque não estava conseguindo me concentrar ou pensar direito naquela hora!), mas como ela falou de novo, não me contive e retruquei irada. Com os dentes cerrados falei: "Não, não foi nada do jeito que eu quis". Tive vontade de falar muito mais, mas não consegui. Estava doendo demais e eu queria apenas que acabasse logo. Queria que todo mundo sumisse da sala para eu poder desabar aos prantos. Nem minha filha eu queria ver naquele momento, tamanho era o meu desespero interior. Eu sei que a médica falou aquilo porque ela também estava nervosa, porque ela também tinha ficado descompensada com a minha reação e sofrimento e certamente porque sentia o peso da responsabilidade nos seus ombros. Mas transferir a culpa para mim e dizer que eu quem quis que fosse daquele jeito? Doeu demais. E doeu também porque meu marido não me defendeu. É óbvio que eu não quis ter passado a noite presa à uma cama e quarto de hospital, tomando ocitocina por horas, praticamente abandonada e sem orientação! Me identifiquei com a fala da Patrícia Roberta Bellanda no documentário quando ela diz "Não precisava de nada daquilo". Hoje me informando sobre o assunto, sei que poderia ter sido tudo tão diferente!

Não tomei anestesia porque não queria vomitar como da primeira vez (e também porque quando a solicitei eu não tinha mais condições de ficar imóvel), não porque eu quisesse bancar a heroína! Eu queria um parto natural humanizado como nos relatos que li durante a gestação e esperava que a médica e a equipe obstétrica do hospital fossem me ajudar a consegui-lo, com afirmação e apoio, não fazendo eu me sentir culpada por estar atrapalhando o descanso de todos durante um TP na madrugada de um domingo. Mas não foi o que aconteceu! Pra mim hoje é nítido que as intervenções médicas só pioraram a evolução do meu TP: elas tiraram minha liberdade de caminhar (como a Priscila Perlatti contou no documentário, depois que amarram a fita de cardiotoco na nossa barriga, a gente "não pode se mexer para não perder o coraçãozinho do bebê"), de comer e de beber à vontade, de ir ao banheiro, de ficar na posição que fosse mais confortável para mim durante as contrações, fui desrespeitada com muitos toques doloridos (feitos bruscamente), levei bronca quando no momento da dor intensa perdi o controle e não "me comportei" como queriam e, no fim, ainda humilhada ao ouvir que tudo tinha acontecido como eu pedi que fosse - ou seja, pra deixar bem claro mesmo que "a minha vontade" tinha sido respeitada.

Minha resposta: Na última visita médica antes da alta hospitalar, envergonhada por ter agido daquela maneira, pedi desculpas a ela e entreguei um cartão-foto pelo seu aniversário dali uma semana. Desculpas porque eu estava irada no dia do parto (havia sido internada contra a minha vontade e não me conformei) e, como diz a Palavra, "a ira do homem não produz a justiça de Deus". Além dessa médica ser uma pessoa muito especial para mim (um ato desumano, por pior que ele seja, não desqualifica dezenas de manifestações de carinho e respeito), eu sabia que não podia carregar toda aquela mágoa e amargura dentro de mim e pedi a Deus que me ajudasse a perdoá-la. Eu continuava muito irada e na primeira visita pós-parto (no dia anterior) foi meu marido quem lhe entregou o presentinho que havíamos comprado porque eu não tive coragem de fazê-lo. Ainda estava muito machucada por dentro. Então, no dia seguinte fiquei só (meu marido voltou pra casa pra ficar com a nossa outra filha) e eu passei o tempo todo conversando com o Senhor sobre isso. Eu queria muito e sabia que precisava perdoá-la de coração. Como é difícil! Sabia que nada foge dos desígnios de Deus e que Ele estava usando aquela situação traumática para me tratar, me aperfeiçoar, me aproximar dEle. Até hoje me emociono e sinto vontade de chorar quando penso no assunto porque foi muito intenso tudo o que eu senti. Uma experiência que me marcou profundamente.

No pré-natal:
No consultório, após eu falar para a médica que pesquisei bastante sobre o que é toxemia gravídica, ela me repreende dizendo: "Quem é a sua médica: eu ou a internet?".

Minha resposta: Fiquei chocada, mas imediatamente pedi desculpas e me calei. Obviamente minhas intenções ao pesquisar sobre o assunto tinham sido as melhores possíveis. Eu queria apenas entender o que era aquilo que ela disse por telefone que eu tinha (por causa da minha constante pressão alta). Pensei que estaria ajudando ao ser uma paciente bem-informada e, claro, tomei o cuidado de ler apenas sites e conteúdos confiáveis, escritos por especialistas. Não tinha ido pesquisar ou mesmo dito aquilo na consulta para afrontá-la! Claro também que essa repreensão não me impediu de continuar pesquisando... só não o fiz mais porque estava física e mentalmente esgotada nos últimos dias (foi uma gravidez muito difícil pra mim).

A busca por um médico que aceite fazer parto normal
A fala da Anne Rami me intrigou. No documentário ela conta como caiu nas mãos de um médico cesarista que se gabava de ser campeão de partos normais, dizendo, inclusive, que se sentia muito mais obstetra fazendo partos normais mas que, no fim da gestação, a pressionou para agendar uma cesária, usando uma série de argumentos falsos sobre a sua não-possibilidade de ter parto normal. Essa parte do documentário realmente vale a pena assistir porque ao meu ver ela desmascara a sutileza da violência obstétrica: a parte que abala o emocional da gestante, fazendo-a sentir-se culpada por querer algo que pode "prejudicar" a criança quando, na verdade, é o contrário! A cesariana é muito mais perigosa para a saúde do bebê.

Vendo a Anne falar me lembrei de quando buscava por um médico que aceitasse fazer parto normal. Antes de engravidar eu me consultava com uma ginecologista que conhecia há pouco tempo. Gostava muito dela porque ela passava confiança de que era vocacionada e profissionalmente competente. Até me intimidava um pouco, porém era muito atenciosa e simpática e suas consultas duravam de 30 min para mais. Quando eu engravidei pela primeira vez, por influência de uma amiga que já tinha me alertado que alguns médicos enganavam suas pacientes para induzi-las a aceitar uma cesária, já na primeira consulta pré-natal perguntei à esta médica se ela fazia partos normais e, especificamente, perguntei de todos os partos que ela já havia feito quantos haviam sido normais. Ela não me deu um número exato, mas admitiu que sua média ainda não era o que ela gostaria - como a de alguns colegas de profissão - mas que certamente fazia partos normais sim porque, segundo ela, eram partos normais que "lhe davam tesão". Fiquei tranquila com a resposta e confiante de que havia "dado sorte" achando uma boa médica de primeira!

Passada a segunda consulta, após o atendimento fui informada pela secretária da médica que, a partir de tal data (acho que dali uns 2-3 meses), a médica não atenderia mais pré-natal de convênio enfermaria. Achei estranho porque tinha acabado de sair da sala da médica que não havia comentado nada. Deixei a próxima consulta agendada para o mês seguinte e entrei em contato com o meu plano de saúde para subir de categoria. Na consulta seguinte, como de costume, foi tudo ótimo - ela foi dinâmica e agradável. Citei que havia feito o upgrade do meu plano e que a partir do próximo mês passaria a ser categoria apartamento. Ela agiu normalmente e ficou tudo bem, continuou garantindo que faria meu parto normal sem qualquer problema. Porém, grande foi a minha surpresa ao descer da sala dela até a recepção e receber novamente a notícia da "desavisada secretária" que a médica estaria em processo de desligamento da Unimed Paulistana (explicou que era porque pagavam mal e não estava mais compensando) e que a partir de x data ela só atenderia consultas particulares. Fiz aquela cara de "Como assim?" e a secretária disse: "Ué, ela não falou?". Não, ela não tinha falado! Nessa hora, meu "mundo" desmoronou. Como ainda teria direito a mais uma consulta pelo convênio, deixei agendada a consulta do mês seguinte só para garantir mesmo, mas já cancelei o upgrade do meu plano (já que a mudança àquela altura do campeonato não me daria direito a usufruir da acomodação apto antes de 10 meses) e comecei a busca por um novo obstetra.

O primeiro, indicado pela secretária da própria médica que eu gostava, segundo ela, fazia parte de sua equipe, mas ele mal olhou na minha cara. Não gostei e, sendo gestante de primeira viagem, comecei a ficar preocupada. Voltei à consulta com ela, falei que não tinha gostado do tal médico, e ela falou tranquilamente que ainda poderia fazer o meu parto. A proposta era que eu pagasse todas as consultas particulares e um valor extra para o parto. A internação hospitalar ela disse que eu poderia fazer via convênio, mas explicou que no dia do parto, outro médico iria assinar como médico responsável (porque ela não seria mais credenciada pelo plano), mas que ela entraria como parte da equipe e pessoalmente se encarregaria do meu parto. Ela explicou que estava se desligando da Unimed porque pagavam muito pouco e era difícil encontrar profissionais que aceitassem compor a equipe uma vez que o valor pago dava uma "mixaria pra cada um".

Bem, é óbvio que eu não aceitei. Minha mãe até se ofereceu pra pagar o parto porque ela viu como isso era importante para mim, mas era "muita mutreta para o meu gosto". Além de ser pura enganação (e mentir é sempre errado), tinha todas as chances do mundo de dar algo errado no meio do caminho. Não, eu não me sentia segura com essa possibilidade. O depoimento da Anne Rami no vídeo-documentário me lembrou essa história porque o obstetra dela a enganou com um discurso parecido. Ele havia dito que só se sentia obstetra de verdade fazendo partos normais e que jamais fazia cesárias desnecessárias, mas no finzinho da gestação, usou de sua autoridade para apresentar justificativas falsas para o agendamento da cesária. No meu caso, eu não tenho como saber se ela mentiu sobre preferir fazer partos normais ou não, mas que ela preferiu deixar para a secretária me falar sobre o descredenciamento do plano e aparentemente também não se constrangia em mentir para o hospital e plano de saúde. O fato é que infelizmente não cheguei a conhecer nenhuma paciente dela que tenha tido parto normal - ironicamente, as duas únicas pacientes dela que conheci fizeram cesarianas - e isso só me caiu a ficha agora! Uma informação importante, mas sobre a qual eu não me atentei na época. Quem sabe se esse desligamento do plano que me obrigou a procurar outro obstetra quando eu já estava tão contente e satisfeita com a minha médica não tenha sido livramento de Deus para eu não ter de passar por uma cesariana desnecessária? A dica que fica é: converse com outras pacientes na sala de espera antes de suas consultas, faça perguntas à secretária e tente sutilmente descobrir se o médico em questão realmente tem experiência com partos normais. Alguém no documentário também dá a dica de desconfiar se nenhuma de suas consultas for reagendada porque o médico teve de fazer um parto normal.

Passei por quatro médicos (e já estava com a consulta do quinto médico agendada) antes de encontrar a médica que fez os meus dois partos. Ela foi um presente de Deus na minha vida! Em todos tinha sempre alguma coisa que o/a obstetra dizia que não me passava confiança. Um deles, em particular, fazia ultrassom na consulta (não sabia, mas segundo a Anne este é um forte indício de que seja cesarista, rsrs) e foi bem sincero avisando que as consultas pré-natais ele garantiria mas, dependendo de quando eu entrasse em TP, ele indicaria alguém da equipe dele para fazê-lo e não descartava a possibilidade de que eu tivesse de ganhar com o plantonista do hospital (se fosse mesmo pra ser parto normal). A pessoa que me indicou este médico (minha tia) tentou parto normal duas vezes, mas não conseguiu em nenhum, então eu já pulei fora depois da primeira consulta.

A médica que fez os meus partos me conquistou na primeira consulta quando contou um pouco sobre sua experiência de parto. Mãe aos quarenta, ela teve um parto normal com fórceps depois de não sei quantas horas de TP (bem sofrido), mas garantiu que não se arrependia porque, nas palavras dela, "até hoje fecho os olhos e consigo me lembrar da sensação do meu filho descendo". Quando perguntei sobre a porcentagem de partos normais e cesarianas que ela havia feito, ela também não respondeu diretamente (acho que os médicos se esquivam de responder isso), disse apenas que o tipo de parto dependia do desejo de cada mulher e que ela faria o que a gestante pedisse. Tem mulher que pede cesária de cara porque tem medo da dor, então a médica faz cesária e pronto, não tenta convencer ninguém a fazer parto normal. Pelo contrário, se a paciente está temerosa ou indecisa, ela levanta a bandeira de que tanto um como o outro dá na mesma, não tem diferença. Outras dizem que preferem parto normal e ela aceita também, mas eu desconfio que durante as consultas ela vá jogando algumas frases para sentir o quanto a gestante realmente quer o parto normal e se está disposta a lutar por ele. Se a gestante for do tipo mole pra dor, insegura e ainda por cima desinformada, acho que ela deve empurrar para a cesária que é mais conveniente. Por exemplo, ela pode apertar sua barriga e se você choramingar de dor ou reclamar, ela dirá algo do tipo: "Se isso daqui está doendo, não sei não... tem certeza de que vai aguentar parto normal?". Ela fez isso com uma paciente que eu conheço (que, no fim, optou pela cesariana). Graças a Deus, ela não tentou isso comigo (ou se fez eu nem percebi, vai saber!), mas se eu tivesse percebido, eu acho que teria mudado de médica! Outra estratégia pra colocar medo na gestante ela tentou com essa paciente e também comigo. Engraçado que na ocasião eu "nem tchum", só fui me dar conta muito tempo depois (devo ser muito tapada mesmo, rs!): Numa determinada consulta, ao ler o resultado de uma USG, ela soltou o seguinte comentário como quem não queria nada: "Nossa, como a bebê já está grande para a idade...". Eu fiz cara de que não entendi e ficou por isso mesmo. Claro que não passava de blefe para testar meu medo de parir um neném grande - mesmo porque minha bebê era toda pequenina e nasceu com menos de 2,500 kg!

Aproveitando o assunto do "bebê grande", lembro de outra situação que presenciei neste mesmo hospital três anos atrás. Alguns dias antes da minha primeira filha nascer, passei no pronto atendimento do hospital para avaliar a intensidade das contrações que eu estava sentindo (era um falso TP). Enquanto fazia o exame de cardiotocografia, ouvi a conversa de uma paciente novinha e duas auxilares de enfermagem que a atendiam no biombo do lado. A moça dizia que estava esperando para ter parto normal e uma das funcionárias do hospital começou a botar medo nela, dizendo algo do tipo: "O quê? Mas olha o tamanho da sua barriga, menina. Seu bebê é enorme. Você vai sofrer demais pra ele nascer. Marque logo uma cesária. Ouve o que eu estou te dizendo...". Absurdo, né?! Acho que se fosse hoje eu denunciava, rsrs.

Mas voltando a falar da minha médica, o fato é que ela faz sim partos normais: além de mim, conheço duas outras (amigas minhas) que tiveram parto normal com ela e também sei que ela já reagendou dias de consulta (inclusive para o sábado) por causa de partos normais em horário de expediente durante a semana. Por outro lado, também conheço outras duas pacientes dela que "queriam" normal mas acabaram indo para a cesariana mesmo. Coloquei entre aspas porque não basta que o parto normal seja a sua preferência, você precisará batalhar por ele, se informar, ser determinada e vencer suas próprias ansiedades e medos. Por fim, é uma obstetra que indico (dadas as citadas ressalvas). Apesar de ter problema com horário (em praticamente todas as consultas tive de esperar uma a duas horas para ser atendida), o consultório dela está sempre lotado porque ela é muito calma, amável e querida por suas pacientes. Ou seja, se a agenda dela está sempre cheia, certamente é porque as pacientes gostam do atendimento dela e a indicam para suas amigas e conhecidas (como eu faço).

Considerações Finais
Pelo documentário, uma em cada dez brasileiras sofre violência no parto (Fundação Perseu Abramo, 2010). Violência obstétrica é um termo bem forte - certamente o trauma das mulheres que contaram suas histórias no documentário também o é. Muito difícil não se emocionar ouvindo seus relatos, principalmente se você também em algum momento se sentiu constrangida, desamparada ou desrespeitada no seu TP ou pós-parto e não soube ou não pôde fazer nada para se defender ou diminuir a intensidade da dor. Como o caso da Patrícia Roberta Bellanda que, mesmo depois de dois anos, ainda não se recuperou totalmente. Se ao pensar sobre o assunto e relembrar os momentos vividos os olhos se enchem de lágrimas significa que a pessoa não superou por completo um trauma, então talvez eu também tenha de admitir que eu ainda não o superei. Chorei em vários momentos enquanto escrevia este texto e acho, inclusive, que falar sobre o assunto, destrinchar e tentar entender tin-tin por tin-tin tudo o que eu vivi e senti, me ajudou a dar passos largos rumo a essa superação. O mais importante, sem dúvidas, é perdoar: arrancar as raízes de amargura, jogar fora o rancor e deixar o Pai usar toda e qualquer situação - por melhor que seja - para nos curar, nos moldar e transformar à imagem do Seu Filho.

É verdade também que encontrar um obstetra de plano de saúde pró-parto normal é uma tarefa árdua. Porém, confesso que apesar disso tudo (inclusive de eu também me enquadrar como vítima desse tipo de violência), tenho bastante receio de usar o termo "violência obstétrica" de qualquer maneira. Como sempre, gosto de filosofar e, no meu entendimento, dizer que alguém foi vítima de "violência obstétrica" pressupõe que houve um vilão na história. Pressupõe também que esse vilão seja uma pessoa de carne e osso e que essa pessoa, necessariamente, seja o médico e/ou sua equipe obstétrica. Mas será que eles são realmente os culpados? Ou, de certa forma, eles também são vítimas de algo maior (o sistema)? Claro que com isso não estou tentando justificar a mentira, a enganação, a má fé, a ganância e nem mesmo o "jeitinho brasileiro" de querer tirar vantagem de tudo e de todos pra sair ganhando, doa a quem doer - porque, afinal, os fins não justificam os meios. Pelo contrário, quero denunciar esses vilões... porém lembrar que os verdadeiros vilões não são de carne e osso. São invisíveis, porém reais. Sim, em algumas denúncias de abuso, o agressor é mesmo uma pessoa, mas em muitas outras não - o vilão é o próprio sistema de saúde, de formação de médicos e, principalmente, do que nossa cultura valoriza como bom e desejável (e que nós muitas vezes aderimos sem sabedoria do Alto). Tanto num caso como no outro, precisamos nos lembrar que não somos deste mundo! Nossa Pátria não é aqui e o Reino a que pertencemos é outro. Por isso, precisamos estar sintonizadas com o nosso Pai e Salvador para vivermos plenamente nesta Terra, a salvo do verdadeiro e único inimigo de nossas almas. Há um mundo espiritual invisível a nossa volta que não podemos ignorar.

Como a Palavra nos orienta, em vez de sairmos atacando as pessoas que nos prejudicaram de alguma forma, vamos lembrar de orar por aqueles que nos maltratam. Ao Senhor pertence a vingança. Ele fará justiça se formos fiéis.

Lucas 6:27-36 - "Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém lhe tirar a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica. Dê a todo o que lhe pedir, e se alguém tirar o que pertence a você, não lhe exija que o devolva. Como vocês querem que os outros lhe façam, façam também vocês a eles. 'Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os 'pecadores' agem assim. E que mérito terão, se emprestarem a pessoas de quem esperam devolução? Até os 'pecadores' emprestam a 'pecadores', esperando receber devolução integral. Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus. Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso".

PARA LER O RELATO COMPLETO DOS MEUS PARTOS, CLIQUE EM:
Parto normal vale à pena?
Série Parto no Brasil: a caminho da humanização

8 comentários:

  1. Meus parabéns, é um assunto bem difícil de tratar e peço desculpas publicamente por também ter sido passivo e não ter defendido você.

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    1. Obrigada, amor, pelo incentivo. E é claro que eu perdoo você!! O próximo parto será bem diferente, espero!!

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  2. Oi Talita!
    Quanto à questão da banheira, não sei exatamente, mas acho que durante o período expulsivo aumenta sim o risco de infecção. Lembro mais ou menos da minha doula ter dito algo a respeito da própria Janet Balaskas (defensora de parto ativo e autora), que antes era favorável ao parto na água, ter mudado sua opinião por causa disso. Mas é claro que a banheira continuaria como uma excelente opção para aliviar as dores durante o tp.
    Mas vale uma pesquisa!
    bjs

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    1. Oi Flávia,

      Eu fiz uma pesquisa rápida agora há pouco sobre isso e encontrei algumas informações interessantes que vou compartilhar abaixo.

      1 - A colunista do site Guia do Bebê é a Dra. Melania Amorim e veja o que ela escreveu sobre o risco de infecção num artigo científico intitulado "Parto na Água é Seguro?": Não foi documentado maior risco de infecção materna ou neonatal.

      Fonte: (http://guiadobebe.uol.com.br/parto-na-agua-e-seguro/)

      2 - Outra máteria intitulada "Parto na Água", escrita pelo Dr. Lucas Barbosa da Silva do site Núcelo Bem Nascer diz que: Os principais riscos atribuídos ao parto na água incluem o risco de infecção para mãe e para o recém-nascido, o risco de hemorragia materna pós-parto, o risco de asfixia neonatal e o risco neonatal de aspiração de água (afogamento). Existem poucos casos descritos na literatura médica dessas complicações. Nenhum estudo científico conseguiu demonstrar aumento significativo de algum desses riscos com a imersão na água.

      Fonte: (http://www.nucleobemnascer.com.br/destaques/parto-na-agua)

      3 - E, por fim, encontrei o pdf de uma dissertação de mestrado portuguesa da Universidade do Porto, intitulada "A Água como Meio Alternativo para o Parto Natural", de onde extraí o trecho abaixo:

      - O risco de infecção materno-infantil é superior?

      Segundo HARPER (2002) “No existe evidencia alguna de un aumento de morbilidad por infección en mujeres que utilizan el agua durante el trabajo de parto y/o nacimiento, tengan o no las membranas rotas.” 33 Isto é explicado pelo facto da água não entrar na vagina (um estudo do Dr. Siegel, comprovou esse facto). Citando vários estudos, a mesma autora afirma que não há risco infeccioso tanto para mãe como filho. THOENI (2005) confirma: “If women are selected appropriately and hygiene rules are respected, water birth appears to be safe for both the mother and neonate.” 34

      Podemos ainda inferir que, como qualquer outra manobra invasiva, toques vaginais, amniotomias e outras intervenções obstétricas são uma fonte de contaminação não desprezível. Tendo em conta que em trabalhos de parto desenvolvidos em meio aquático todas as intervenções ditas invasivas são reduzidas ao mínimo, será legítimo pensar-se que o risco de infecção por manobras obstétricas é também reduzido ao mínimo.

      ENNIN (2000) dá ênfase ao facto do bebé ser portador dos mesmos anticorpos da sua mãe, tornando-se imune à maioria dos microrganismos caseiros; o problema parece estar nas fontes hospitalares de micróbios. A mesma autora ressalva também o facto da água ser uma protecção extra já que, não sendo o habitat natural dos microrganismos, estes não sobrevivem muito tempo no seu meio.

      Fonte: (http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/18654/2/A%20AGUA%20COMO%20MEIO%20ALTERNATIVO%20PARA%20O%20NASCIMENTO%20NATURAL.pdf)

      A propósito, não conhecia a doula Janet Balaskas, mas o livro dela sobre Parto Ativo parece muito bom. Não consegui encontrar na internet nada falando que mudou de opinião. Se você encontrar algo, me passe, please!

      Muitíssimo obrigada por comentar e volte sempre. : )

      Talita

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  3. Uau Ta, não lembrava que seu parto foi tão traumatizante. Fico muito triste de ver o falto de preparo/vontade de médicos e enfermeiras em relação ao Parto normal. Parece mesmo que elas defendem o parto mais "fácil" e quando você escolhe fazer diferente elas pensam "ta vendo". Aqui nos EUA é tão diferente. Assim como aí raramente ouvia de uma amiga ter conseguindo ter parto normal (e quando ouvia era um relato bem traumatizante, por causa da ocitocina) aqui eu raramento ouço de alguém que precisou ter uma cesária! Fazem DE TUDO para não precisarem fazer cesária. Duas conhecidas até foram para quiropratas fazer ajustes na coluna etc para o bebê virar para posição certa ou para dar espaço pro bebê descer. E não é que nos dois casos deu certo?? Fizeram sessões de quiropraxia e, sei lá como, o bebê virou e no outro caso o bebê conseguiu descer (ela havia começado contrações mas elas pararam porque o bebê não descia).
    Meu médico me falou na última consulta algo que me mostrou muito como o pensamento aqui é diferente. Ele falou algo como "na verdade, eu só vou pro final, pros últimos detalhes. O parto mesmo é todo seu trabalho." Aqui o parto é obra de arte da mãe, o médico só ta lá para as coisas que nós como mães não conseguimos fazer. As enfermeiras e "midwives" (parteiras) são a torcida e o apoio. Nós decidimos como queremos o parto, e todos apoiam e ajudam. Vamos ver como será o meu né! Depois venho contar!

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    1. Oi Tine,

      Vai ver você não se lembrava que o meu segundo parto tinha sido tão traumatizante porque eu não contei com todos os detalhes. Só falei que foi horroroso e que sofri muito, rs. Acho que porque quando a gente se sente desrespeitada e violentada a gente não gosta muito de falar sobre o assunto, na hora de contar a gente acaba pulando umas partes porque machuca lembrar como foi. É o famoso "varrer para debaixo do tapete", como se esconder a sujeira fosse fazê-la sumir!

      Pra mim foi muito bom fazer essas pesquisas todas e revisitar o assunto agora, sinto que estou passando por um processo de cura. Talvez eu até encare assistir à filmagem que o Douglas fez no dia, ele conseguiu pegar uns momentos tensos - eu berrando descontroladamente...

      Ah, o seu comentário me lembrou de voltar lá em cima e colocar os links para outros posts onde eu conto melhor sobre a minha experiência porque o relato acima foca apenas na "violência obstétrica". De qualquer modo, apesar de minha última experiência ter sido ruim, ainda nutro esperança de um dia ter um parto natural pra valer (humanizado!).

      Venha contar sobre a sua experiência aí nos EUA sim. E se puder ir contando também como está sendo o pré-natal, as diferenças que você notou em relação a como foi com o Ti e a Lala aqui no Brasil será muito enriquecedor!! Ouvi dizer (acho que foi você mesmo quem disse, rsrs) que ginecologista americano quase não pede ultrassom e que não existe esse negócio do "seu médico" fazer o parto - o médico que faz pré-natal é um e o médico que faz o parto é outro. Isso ajudaria a resolver o problema dos planos de saúde aqui no Brasil e também das cesárias desnecessárias. Enfim, é um assunto que merece um post inteiro!

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  4. Oi Talita!
    Eu li o livro "parto ativo" durante minha gravidez e adorei! A minha doula disse que não costuma emprestar pra qualquer grávida pq as mulheres podem ficar muito impressionadas, mas eu gostei muito, me fez ficar mais empolgada ainda com meu parto!
    A edição que ela me emprestou é favorável ao parto n'água, mas era uma edição mais antiga.. Realmente não sei..
    Mas foi excelente sua pesquisa e, pelo meu raciocínio pelo menos, faz todo sentido.
    bjs

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  5. Oi Flávia,

    Eu também fiquei com esse receio depois que publiquei sobre o vídeo-documentário da Dra. Melânia (Parto no Brasil: a caminho da humanização), você chegou a assisti-lo? Receio de que as cenas impressionassem demais... Mas depois pensei que na verdade é o contrário, a gente tem medo daquilo que não conhece porque fica imaginando abobrinhas! Então o melhor mesmo é informar-se e tomar decisões baseadas em conhecimento e não em fantasias da nossa própria cabeça ou daquilo que um ou outro disse sobre parto normal, natural, cesária, etc. Estou cada vez mais convencida de que o conhecimento nos liberta!

    Puxa, você teve parto com doula, que emocionante! Nos conte como foi. : )

    Um abraço.

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