Bem-vinda!!

Bem-vinda ao nosso blog!
Aqui, mamães muito diferentes mas com um único objetivo compartilham suas experiências nesta grande aventura que é a maternidade! Nós queremos, acima de tudo, ser mamães sábias, que edificam seus lares e vivem com toda plenitude o privilégio de sermos mães! Usamos muitos dos princípios ensinados pelo Nana Nenê - Gary Ezzo, assim como outros livros. Nosso objetivo é compartilhar o que aprendemos a fim de facilitar a vida das mamães! Fomos realmente abençoadas com livros (e cursos) e queremos passar isso para frente!


"Com sabedoria se constroi a casa, e com discernimento se consolida.
Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável"
Prov. 24:4,5

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Comentários à "Reflexões para Casais que Querem Adotar Filhos"


O tema do tópico é complexo e importante demais. Há tantas facetas para serem tratadas que não daria em uma única postagem. Vou tentar falar da minha experiência pessoal, como pessoa que deseja e tem considerado a possibilidade de adotar uma criança, e também minha opinião técnica, como operadora do direito.

Primeiro: filho é filho. Não importa se é adotivo ou biológico. A legislação brasileira também trata o assunto dessa forma. Uma vez efetivado o processo, não há qualquer distinção entre filhos, tanto em questões previdenciárias, hereditárias ou de responsabilidades materna/paterna. Com a adoção, o nome dos pais biológicos é “riscado” da certidão de nascimento da criança, sendo substituído pelo nome dos pais adotivos. Os registros originais ficam nos arquivos do cartório para apresentação somente na hipótese de ordem judicial. Além disso, o nome dos avós paternos e maternos também são inseridos, quer eles gostem ou não, da ideia de terem netos adotivos. (Existe um único precedente recente que admitiu duas mães no registro, mas algo a ser tratado em outra oportunidade.)

Tudo isso parece óbvio, mas não é. Quem nunca ouviu alguém contar indignado sobre determinado conhecido que sofreu com filho adotivo ingrato? O comentário é sempre o mesmo, “Ah, mas ele deveria ter um mínimo de consideração por ter sido acolhido na família”!  Contudo, filho não é filho? Biológico ou adotivo, pode ser que dê trabalho, certo? E que gratidão extra é essa? Então filhos biológicos não são tão ingratos quanto adotivos quando são rebeldes?

Entendo que não importa como chegou à família. Não podemos esperar mais -  ou menos - de um filho em razão da sua origem.

Segundo: Adotar um filho pode ser uma bênção para a criança/adolescente antes abandonado, mas é uma bênção MUITO MAIOR aos pais que o receberam. A lógica precisa ser invertida. Verdade, é um gesto bonito, como todo gesto de amor. Mas não vejo nenhum herói no adotante. Em verdade, ele foi mesmo é abençoado com um filho, tal como é uma mãe quando dá a luz a seu filho.

Terceiro: Para mim, amor significa pensar antes no outro do que em si próprio. Um casal deve se perguntar, seja para ter filhos, seja para adotar, se está no momento apropriado e se existe estrutura mínima para que isso aconteça (e não estou falando só de finanças). Ter um filho para salvar o casamento, optar por engravidar quando a saúde está debilitada, por exemplo, são motivos egoístas. O mesmo vale para uma adoção, em especial essa tratada na postagem.  Pais que aceitam filhos roubados, sabendo a dor que causam às crianças e que ainda assim pagam e fomentam esse crime são mesquinhos. Isso é tudo, menos amor.

E como funciona o processo de adoção no Brasil? Em termos simplificados, há duas possibilidades. A primeira, mais tradicional, mediante lista de espera (lei da oferta e da procura). A segunda é dirigida, pois a mãe biológica deseja que determinada pessoa específica adote seu filho.

Em síntese, a primeira funciona assim: os pais se dirigem ao cartório da vara da infância do município e preenchem uma papelada considerável, explicando que tipo de criança querem adotar (idade, sexo, se excepcional ou não, raça, etc.) e dão informações pessoais (escolaridade, renda, origem, etc.). A partir daí, inicia-se o procedimento de habilitação, ou seja, verifica-se a idoneidade dessas pessoas. Há entrevistas com assistentes sociais, participação em cursos, etc e, concluída a etapa, a pessoa entra em uma lista de espera. Existe também uma lista de crianças consideradas aptas para adoção. Se houver criança que se encaixe no seu perfil disponível e você for o primeiro da fila, será chamado para verificação de interesse/início do estágio de convivência.

Evidente que existem inúmeras pessoas querendo adotar recém-nascidos e poucos bebês disponíveis para adoção. A espera será maior. Por outro lado, são raros os casais que procuram ou aceitam grupos de três ou mais irmãos maiores (que em regra não serão separados) ou portadores de necessidades especiais.

Cabe ressaltar que cada juiz da infância pensa de um jeito. Já vi aqueles que sequer aceitam estágio de convivência, dependendo da idade da criança. No pensamento destes, adotar não é escolha no supermercado. Então, do mesmo jeito que vem a criança biológica do jeito que vier, o mesmo raciocínio é empregado na adoção. Quis? Então leva para a casa e se vire para que dê certo.

Outros já preferem que o estágio de convivência seja cumprido a risca, para só então efetivar a adoção. É o período para ver “se dá certo”.

E, por fim, cabe mencionar que hoje existe uma lista nacional (que antes não era unificada). Ou seja, se não houver no seu município uma criança que atenda ao seu perfil, mas houver em outro município da federação, é possível fazer essa adoção se não houver interessados naquela localidade.

A Talita fala também da questão da punição de juízes e da reforma constitucional do poder judiciário. Infelizmente é a mais pura verdade: juiz corrupto é premiado. Existe corporativismo e não é só na magistratura. Isso também ocorre em outros órgãos do judiciário.

Agora, sobre o método de escolha dos magistrados, entendo que nossa sistemática (concurso público) pode não ser perfeita, mas é MUITO MELHOR, para nossa realidade, que o método por eleição (como é nos Estados Unidos).

Justifico. Para serem eleitos, candidatos precisariam fazer campanha, certo? Quem custearia essa campanha? E com qual finalidade? Por que grandes empresas gastam fortunas com doações para partidos políticos? Não preciso responder, né? E mais, em um país em que Tiririca e outros são eleitos, quem seriam nossos juízes?

Apesar de uma ou outra notícia de corrupção de juiz que aparece, afirmo que é muito menor a ocorrência no judiciário que nos demais órgãos. Basta pesquisar no Google. Observe-se ainda que, geralmente, essa corrupção está nos órgãos superiores, em que a escolha não é mais objetiva, mas sim com base na politicagem.

Por fim, sou a favor da vitaliciedade. Sou suspeita, confesso, porque também a tenho. Por outro lado, embora suspeita, também sei que muito do que faço acontece porque sei que sou “quase inatingível”. Eu não cutucaria órgãos públicos com ofícios de cobranças ou teria um discurso tão impopular se tivesse receio de que a qualquer momento um camarada lá de cima ligaria para outro cara lá de cima para me botar na rua.

Imaginem só juízes? Quem teria a ousadia de condenar um poderoso se a cabeça pudesse ser colocada a prêmio?

Enfim, se é para falar em reforma do judiciário, tudo isso precisa ser considerado.

No mais, apesar de tantos problemas que temos em processos de adoção, minha experiência é positiva na área. Vejo mais juízes e equipe realmente interessados em acertar do que os negligentes. Além disso, percebo que o perfil do brasileiro adotante tem mudado de uns tempos para cá. Aos poucos, crianças mais velhas têm sido aceitas. Antes, era raro alguém de cinco anos ser adotado. Hoje, se for sozinha, é relativamente rápido.

Além disso, existe uma preocupação em acelerar o processo de destituição do poder familiar para possibilitar um período de abrigamento menor. O difícil é otimizar a burocracia, mas também não correr tanto que implique adotar criança que tem possibilidade de ser reinserida na família. Esse é o desafio. Achar o equilíbrio.

Agora, dizer que tudo sempre ocorrerá sem erros, infelizmente não é possível.

Ufa! Quem sabe alguém não posta como foi a experiência de adotar.

Reflexões para casais que querem adotar um filho

Raramente ligo a TV. Em parte por falta de tempo ocioso e, em parte também, por desinteresse nos programas que ela oferece, mas o fato é que as poucas vezes que ligo a TV para assistir a algum noticiário fico mal com o que vejo! É tanta desgraça... estupros, roubos, mortes, violências de todo tipo, assassinatos... todas essas tragédias noticiadas diariamente mexem demais comigo. Fico com o coração apertado ao imaginar a dor de pessoas que eu nem conheço. Foi exatamente o que aconteceu duas semanas atrás ao assistir ao Fantástico. Vocês viram a reportagem Família pobre tem os filhos tirados de casa e entregues para a adoção?

Fiquei tão impressionada com a história dessa família do sertão da Bahia que, há 1 ano e 4 meses, teve os cinco filhos ROUBADOS de casa e entregues para adoção em São Paulo (com o aval do juiz da cidade) que não consegui dormir à noite!! Por mais que eu tentasse, só ficava pensando na dor daquela mãe e daquelas criancinhas que foram tiradas de seu lar à força e sem motivo, de uma hora para outra. Imagine, na época a bebezinha tinha somente 2 meses de idade - quanta crueldade separar da mãe uma bebê que ainda mama no peito!! Hoje, tanto tempo depois, nem ela e nem o irmãozinho de 1 ano e meio devem ter lembranças dos pais e avós "verdadeiros" (biológicos).

Na reportagem que foi ao ar em 14/10/2012, a mãe contou emocionada que no dia o menino mais velho (se não me engano tinha 6 ou 7 anos) implorou para que ela não deixasse que o levassem. Já imaginou a impotência que essa mãe sentiu? E o desespero das crianças? Os meninos eram todos pequenos. Que trauma deve ter sido para eles. Ninguém sabia o que estava acontecendo, porque as crianças estavam sendo levadas. Partiu meu coração!

Naquela noite, além de interceder por essas crianças, pedindo a Deus que transformasse a sorte delas - protegendo-as, curando-as e abençoando-as, etc - fiquei indignada com a irresponsabilidade do poder público e dos pais adotivos. Como algo tão errado pôde acontecer?! O juiz e o conselho tutelar existem para defender os direitos do povo e não para favorecer o crime! Quantas outras mães do sertão nordestino será que também não são vítimas de quadrilhas de tráfico de crianças?

Não gosto nem de pensar.

E sobre esse pais adotivos, o que dizer?! Só posso imaginar que, em seu desejo de ser pai/mãe, foram ingênuos demais ou simplesmente não quiseram enxergar que tinha algo de errado. Eu não tenho experiência no assunto - aliás, conheço muito pouco a respeito da legislação sobre o processo de adotar uma criança, mas o meu raciocínio seria o seguinte: Quer adotar uma criança, então faça trabalho voluntário em orfanatos e abrigos, se envolva com esta causa, conheça as crianças, tenha um relacionamento com elas, aprenda a se doar, a amar incondicionalmente, a ter compaixão pelo outro, a enxergar suas necessidades, se prepare emocional e espiritualmente e veja crescer em seu peito um desejo de ser o pai ou a mãe que alguém não tem. Eu imagino mais como um processo, assim como uma gestação!

O triste é que essas quadrilhas sabem como se aproveitar das fragilidades do coração humano para obter lucro. A adoção, quando feita pelos motivos errados e da forma errada, só pode dar CACA!

Eu entendo que se dispôr para adotar uma criança órfã ou abandonada é algo lindo!! Tem um valor profundo espiritualmente à medida que nos permite compreender melhor o amor que o próprio Deus tem por nós, Seus filhos adotivos. Estávamos perdidos em trevas e Deus nos resgatou, nos redimiu, nos amou, nos deu uma nova identidade e paternidade! Ele nos deu uma viva esperança em Seu Filho e hoje temos uma família em Cristo - isso é algo lindo! Não consigo imaginar minha vida sem esse amor e essa esperança!

Mas, infelizmente, parece que a adoção segue a lógica capitalista, como se adotar um filho fosse algo que você faz olhando um catálogo. Ou como uma compra que se faz conforme a conveniência, escolhendo a cor, sexo e a idade que mais se aproximam do seu 'ideal de filho'. Para mim, isso não combina com o propósito da adoção. A motivação por trás tem de ser oferecer um lar para uma criança sem lar, ou seja, conhecer e suprir as necessidades e carências da criança, e não satisfazer apenas às suas.

Pesquisando na internet esta manhã, vi que em 21/10/2012 houve nova reportagem sobre o assunto - Mães de famílias pobres são alvo de quadrilhas que atuam no tráfico de crianças. Algo que me chamou a atenção e me deixou atribulada foi a explicação dada pelo presidente do Tribunal de Justiça da Bahia sobre as possibilidades de pena para este juiz corrupto. Ele disse: "A escala de punições a que um juiz está sujeito é advertência, censura, disponibilidade e aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais". Noutras palavras, o máximo que pode acontecer, a pior pena que pode ser legalmente dada a ele é a aposentadoria compulsória!! E eu pergunto: desde quando isso é pena?? Num caso como esse, aposentadoria compulsória é praticamente uma recompensa. A lei não prevê cadeia para corrupção no judiciário. E se o juiz erra, quem paga a indenização são os cofres públicos (leia-se: o meu e o seu dinheiro!).

Participei de um evento para educadores na semana passada e uma das palestras a que assisti foi proferida por defensor público que falou sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. E durante a palestra ele falou justamente sobre isso: a necessidade de uma reforma constitucional do poder judiciário. É algo sobre o qual a gente fala pouco, mas os cargos do legislativo e executivo são preenchidos via eleição, mas os cargos do judiciário não, eles são preenchidos por concurso público. Portanto, o único pré-requisito é conhecimento intelectual para ter uma carreira vitalícia! Ele abriu os meus olhos para uma realidade que eu não conhecia, que os juízes são uma categoria à parte da população e do poder público, seus privilégios se assemelham ao de imperadores romanos de antigamente, são quase "homens-deuses".

Acho que minha amiga Fabi pode tratar sobre esse assunto com muito mais propriedade do que eu. Espero que ela se anime e encontre um tempinho para nos dar mais informações!

sábado, 27 de outubro de 2012

Taxa de natalidade cai e a população brasileira deve parar de crescer

Em 11/10/2012, apenas três meses depois de eu escrever o post A desvalorização da maternidade e o inverno demográfico - existe uma relação?, a Folha de S. Paulo publicou a notícia de que com a baixa taxa de natalidade em nosso país, a população brasileira deve parar de crescer! Quem leu o post deve se lembrar que o filme de 2008, chamado "O Inverno Demográfico - o declínio da família humana", limitava-se a analisar basicamente a demografia dos EUA, do Japão e de vários países da Europa, mas não falava nada do Brasil. Na ocasião meu marido e eu fomos consultar o site do IBGE e verificamos que nas últimas três décadas a taxa de natalidade brasileira vinha diminuindo substancialmente, confirmando, assim, que o fenômeno do "inverno demográfico" do qual tratava o filme - e com ele as possíveis consequências negativas para a economia da nação - possivelmente em breve também atingiria o nosso país. E parece que a notícia recém-publicada por Pedro Soares (do Rio) veio para confirmar essa hipótese!

Vejam abaixo um infográfico que copiei da internet e que mostra o panorama das diferentes taxas de fecundidade brasileiras. Ele retrata bem a questão da desvalorização da maternidade, associada, principalmente, a maior instrução e rendimentos econômicos da família.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

1 ano e 4 meses de Alícia!

Ufa, estou há dias me cobrando de vir fazer este update da Alícia que completou 1 ano e 4 meses na última sexta-feira. Há tantas coisas por fazer ultimamente que a tentação de adiar e deixar para escrevê-lo somente no mês que vem é grande! Por outro lado, com todas as cobranças de fim de semestre na faculdade, sei que procrastinar não vai ajudar em nada. Além disso, sei que daqui alguns anos - quando as minhas filhotas, hoje tão pequenas, forem mocinhas maiores, adolescentes, jovens e futuras mamães - iremos com certeza curtir estes registros que periodicamente vou fazendo do desenvolvimento delas! 


Dentição e Alimentação
Sim, finalmente dois dentinhos já vieram! Marquei bem o dia: o primeiro começou a despontar quando ela estava com 1 ano, 2 meses e 20 dias. Uau, ela conseguiu "ganhar" da irmã. O primeiro dentinho da Nicole só começou a despontar com 1 ano, 1 mês e 9 dias e, na época, por mais que me dissessem que quanto mais tarde melhor, eu já estava preocupada!! Desta vez não, fiquei tranquila e até me diverti com a situação. Não ter dentes nunca impediu a Alícia de comer bem. Aliás, ela sempre comeu de tudo... e rápido! Inclusive quando mamava ao peito - quem acompanha o blog há mais tempo deve se lembrar que em 10 minutinhos ela esvaziava o meu seio e ficava satisfeita. Ela gosta de comer sozinha também - precisa de ajuda para encher a colher, é claro, mas faz questão de levá-la à boca sozinha e ama os elogios. O babador de plástico com bolso para mim é um item que não pode faltar nas refeições - ele é fundamental! Também a deixo, na verdade, a incentivo a comer alguns alimentos com a mão, como é o caso do pepino ou do tomate.

Vez ou outra, ela come umas 4 colheres apenas e já começa a fazer o sinal de "No, thanks". Eu pergunto se é isso mesmo que ela está dizendo, tento oferecer de novo e, se ela realmente não quiser mais, suprimo minha neura de mãe que quer que os filhos comam tudo que está no prato e não insisto mais. Sei que ela vai comer quando tiver fome e não preciso forçá-la a comer uma determinada quantidade só porque é o habitual. O bom senso me diz que há dias em que temos menos fome. A exceção é quando ela rejeita a comida porque quer o suco. Tive problema com isso recentemente, ela se recusava a abrir a boca pra comer porque queria ficar só no suco. Daí não teve negociação: comida primeiro e suco depois. Ela insistiu, ficou brava, mas acabou cedendo depois de três ou quatro tentativas frustradas. Se ela não tivesse cedido, teria ficado sem suco e sem comida (substituição) até a próxima refeição. Apesar desse episódio, normalmente ela concilia bem (suco e comida ao mesmo tempo), mas eu tenho ficado atenta para não deixar virar um mau hábito.

Rotina e Horários
A rotina está igual. Eu procuro seguir a rotina direitinho de segunda a sexta-feira, mas aos finais de semana ou mesmo em algum dia mais agitado durante a semana (ex. quando recebemos visitas ou quando tenho compromisso fora de casa), sou flexível e ajusto o que for necessário para o bem de todos. Em termos de sono, a Alícia continuando tirando duas sonecas durante o dia, uma de manhã e outra à tarde - exceto aos domingos porque vamos à igreja pela manhã e ela não dorme lá. As sonecas duram 1h:30 min a 2h:30 min e o sono noturno continua sendo de no mínimo 11 horas por noite. Meu marido, que agora é o responsável por colocá-las na cama toda noite, diz que tem preferido colocar a Alícia para dormir primeiro, por volta das 18:15 e 18:30, e a Nicole vai para a cama um pouco mais tarde, às 19:00.  Quanto à alimentação, ela faz 5 a 6 refeições por dia: café da manhã (6:30), lanche leve (10:00), almoço (12:15), às vezes lanche da tarde (depende da duração da soneca), jantar (17:00 ou 17:30) e leite antes de dormir (nem sempre). Para mim, o horário de brincar é o mais difícil de estruturar (ex: quando vai brincar sozinha, quando vai brincar com a irmã, etc.). Ela continua não curtindo muito ficar em frente à TV vendo desenho como a Nicole gosta e sempre gostou de fazer. Além disso, continuo precisando me policiar para manter um horário fixo e relativamente longo para ela brincar independente dentro do cercadinho pelo menos 4 ou, idealmente, 5 vezes por semana. Se passar muitos dias sem, ela desacostuma e a choradeira recomeça. Pois é, ela é uma garotinha insistente... o que me leva ao próximo tema!

Temperamento
É a primeira vez que falo sobre esse tema aqui no blog - em parte porque tenho muito receio de rotular as minhas filhas. Em seu livro "Segredos de uma Encantadora de Bebês", Tracy Hogg fala de cinco temperamentos básicos dos bebês (anjo, livro-texto, enérgico, sensível e irritável) e dá dicas de como lidar com as particularidades de cada um. A ideia é boa, mas o problema que eu vejo nessas descrições é a subjetividade da avaliação. Na verdade, cada mãe que as lê tem um referencial próprio e, portanto, interpreta-as de maneira diferente. Vou dar o meu exemplo. Eu passei o primeiro ano de vida da Nicole - e parte do segundo também - crendo piamente que ela fosse um bebê-anjo (embora não comentasse isso com ninguém). Daí, quando a Alícia nasceu e pude comparar as experiências, pensei: "Que nada! Bebê-anjo é a Alícia, a Nicole é um bebê-sensível". A minha avaliação mudou conforme meu referencial (um novo bebê) mudou. Antes eu avaliava a Nicole conforme os outros bebês que eu conhecia. Depois passei a avaliá-la conforme a minha experiência com a Alícia. A comparação é inevitável.

Porém, a mudança de avaliação não parou por aí. Aliás, se eu tivesse escrito esse post um mês atrás, teria certamente falado da minha preocupação com relação ao "gênio forte" da Alícia. E isso me fez perceber que, na verdade, ela também não é um bebê-anjo como eu havia imaginado, haha! Hoje parece-me que a descrição de um bebê-enérgico ou irritável talvez se encaixem melhor à personalidade dela! Isso mesmo, a Alícia é uma menininha de temperamento forte que esbraveja quando não gosta de algo. Se eu não tomar cuidado, ela consegue facilmente o que quer na base do protesto: que vai desde berrar, bater, chorar, puxar o cabelo a - pasmem - se jogar no chão! Apenas para exemplificar, um desafio recorrente para mim é cortar as unhas da Alícia. Ela não quer cooperar. Não sei se é aflição de cortar a unha (vai saber!) ou pura determinação em não me deixar fazê-lo. Desconfio que seja a segunda opção. É certo que bebês no geral não gostam de deixar cortar a unha, ficam puxando o braço... também tive alguma dificuldade com a Nicole... mas só até certa idade, depois ela começou a colaborar. Mas com a Alícia esse desafio permanece até os dias de hoje. São raras as vezes que ela se distrai com as brincadeiras de alguém e passivamente me deixa cortá-las, muitas e muitas vezes eu tenho de fazê-lo à força enquanto ela chora e esperneia!

Mas por quê então eu disse "se eu tivesse escrito esse post um mês atrás"? O que mudou de lá pra cá? O temperamento dela certamente não mudou, ela é a mesma, mas o meu comportamento sim. E, mamães, saibam que isto faz toda a diferença! Se você tem filho nesta idade e ainda não leu o post O incrível mundo dos "toddlers"!, não deixe de fazê-lo. O meu objetivo aqui não é entrar em detalhes sobre educação diretiva e a educação corretiva, sobre estabelecer limites e "criar dentro do funil" ou sobre como desenvolver o auto-controle e trabalhar a disciplina (mesmo porque em breve irei continuar o resumo do livro "On Becoming Toddlerwise" e vamos nos aprofundar muito nesses assuntos), mas quero enfatizar a minha desconfiança de que seguir os princípios ensinados no livro Nana Nenê (e nos outros livros da série de Gary Ezzo e Robert Buckman) faz com que, no geral e independentemente de seu temperamento natural, todos os bebês sejam de certa forma considerados bebês-anjos. Os autores bem que profetizam isso no comecinho do primeiro livro da série!! Quem leu sabe, rs.

Conversando com amigas que conhecem e aplicaram com seus filhos, elas comentam que é muito comum ouvirem frases do tipo: "Nossa, como a sua bebê é calminha e comportada. Espero que a minha também seja assim" ou "Puxa, você deu sorte, hein, olha como o seu bebê é tranquilo e bonzinho. O meu (ou o de fulano) não, ele é tão chorão e dá tanto trabalho". Sem conhecer o Nana Nenê, as pessoas realmente não entendem e acham que o temperamento calmo do bebê é obra do acaso. Mal sabem que, na verdade, a segurança e estabilidade emocional dos bebês têm a ver com o trabalho consistente dos pais em dirigir os seus passos e estabelecer uma rotina saudável de alimentação, atividade e descanso.

Linguagem e Comunicação
No último post contei minha dificuldade em exigir que a Alícia usasse os sinais para se comunicar. Problema vencido. Hoje ela já domina e usa de bom grado quatro sinais para se comunicar:

- Obrigada - normalmente para indicar que ela não quer mais algo (suco, comida ou um brinquedo).
- Por favor - forma que estabelecemos para ela pedir permissão ou ajuda.
- Desculpe - se ela se rebela ou se comporta mal (ex. machuca a irmã), tem de pedir desculpa.
- Banheiro - idealmente para nos avisar que quer fazer cocô (o problema é que ainda não avisa antes!)

Ela também sabe fazer o sinal para "cadê?" e está aprendendo a usar o "all done" para sinalizar que já terminou de fazer algo (ex: comer ou fazer cocô). Ah, e por falar nesse assunto, aqui vai um rápido parêntesis para informar que, por enquanto, adiei o plano de iniciar o desfraldamento no mês de outubro. Por dois motivos: primeiro porque o tempo não está colaborando (um dia faz calor noutro faz frio) e segundo porque quero começar quando eu puder me focar 100%. Não quero começar para largar no meio do caminho. E no momento, com os estágios da faculdade, não terei condições de iniciar ainda.

Voltando ao assunto da comunicação, a Alícia ainda não fala palavras muito inteligíveis, hehe. Ela tenta imitar os sons, mas eles ainda estão longe de ser compreensíveis para a pessoa comum. Na maioria das vezes, somente a mamãe, o papai e a irmã mais velha é que estão habilitados para desvendar que quando ela diz "ú", por exemplo, ela está se referindo a "suco"! Em termos de compreensão, ela entende e obedece muitos comandos simples em inglês. Alguns exemplos mais comuns são: "Sit down here, please", "Go back to the rug", "Give this to your sister", "Put it back there", "Don't put ___in your mouth", "Stop sucking your thumb, please", "Say ___", "That's a no-no", etc.

A Alícia está naquela fase deliciosa de imitar e repetir o que a gente faz. Às vezes pode ser perigoso porque ela quer subir nos mesmos lugares (ou pular deles) como vê a Nicole fazendo. Ao comer, ela pega o guardanapo para limpar a boca ou mesmo para tentar limpar a bandeja do cadeirão que fica cheia de comida (mas acaba sujando mais!). Na hora de escovar os dentes, ela imita o som que a irmã faz cuspindo a pasta de dente. Ela sabe fingir que está tossindo (cobrindo a boca com a mãozinha), espirrando, bocejando e até tenta assoprar a comida quando está quente como a gente faz. No banho, ela gosta quando eu coloco um pouquinho de shampoo ou condicionador na sua mão para ela levar ao cabelo. Na hora de se vestir, ela já consegue ajudar levantando / direcionando os braços e pernas para dentro da manga.

Ah, e quando eu peço para ela dar beijo, ela imita o barulho do beijo (que para ela é "ahh") e me lambuza de saliva tentando beijar também (de boca aberta). Uma delícia!

Limites e Obediência
O grande desafio hoje em dia tem sido fazer com que a Alícia pare de tirar os braços de trás do cinto de segurança da cadeirinha do carro. Não são poucas as vezes que preciso me virar do banco da frente (quando o meu marido está dirigindo) ou então encostar o carro (quando eu sou a motorista) para encaixar os braços dela de volta. E aqui faço uma confissão: como cansa educar! A vontade que dá quando qualquer uma das duas desobedece (mas principalmente a Alícia neste início de toddlerhood) é fingir que não vi e deixar passar. Mas, como mamãe pro-ativa que quero ser, sei que é necessário força de vontade e uma boa dose de determinação. Ah, e sim, muita paciência! E eu me esforço, viu, porque acho melhor educar agora do que reeducar lá na frente. Afinal, pagar a prazo é sempre mais caro do que à vista por causa dos juros e da correção monetária, vocês não acham? Só que, nesse caso, pra pagar à vista tem de ter determinação, porque a criança vai testar os limites para descobrir o valor de suas palavras e direcionamentos.

Interessante pensar também na minha tendência de pensar que antes (com a Nicole) foi mais fácil do que hoje (com a Alícia). Um dia desses comentei a esse respeito com o meu marido, "Nossa, eu não lembro da Nicole insistir tanto em tirar os braços de trás do cinto" ao que ele me respondeu: "Eu lembro muito bem, era igualzinho!". Haha, vai ver esquecer é mais um daqueles mecanismos da nossa mente materna que visa não desistirmos de desejar aumentar a nossa prole (como é o causo da dor do parto)!

Outra dificuldade que tenho encontrado é em limitar as liberdades da Alícia em vista de sua idade e maturidade atual (conceito de "criar dentro do funil"). Tem sido difícil conciliar isso com uma criança mais velha na casa. Um exemplo é que às vezes me sinto "obrigada" a deixar a Alícia comer certas coisas (como balas e pirulitos) que eu não teria deixado a Nicole se estivesse na mesma idade. Li recentemente que isso não é legal e concordo. É uma área que eu preciso trabalhar para não criar problemas lá na frente.

Bem, por hoje é só. Espero voltar para contar novidades da Nicole em breve.

Um abraço, Talita

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A pequena caixinha chamada escola

Este ano completei 30 anos de idade. Refletindo sobre os meus aprendizados, percebo como as minhas experiências de um tempo pra cá têm servido para eu repensar e amadurecer alguns conceitos de vida. Já aconteceu com você? Por exemplo, as bases de uma crença que você defendia desmoronarem diante dos seus olhos, ou ainda, uma prática que você tanto criticava de repente lhe tornar atrativa? Fazendo a minha retrospectiva, vejo que isso aconteceu comigo em diferentes níveis. E o elemento comum nas mudanças de pensamento era essencialmente o reconhecimento de que a minha perspectiva original baseava-se não em conhecimento real, mas em preconceitos e no senso comum que eu, de alguma forma, incorporei ao longo dos anos.

Para começar com a experiência do parto, lembro-me vividamente discutindo a questão enquanto adolescente com colegas de classe. Eu morria de medo da dor e falava que não teria coragem de parir, que iria com certeza adotar (engraçado que cesária não era uma possibilidade para mim). Claro, hoje penso completamente diferente, creio na perfeição do corpo humano e como Deus criou o parto para beneficiar mãe e bebê, além de ser uma experiência maravilhosa e rito de passagem.

Outra mudança de pensamento recente é a ideia da mãe abandonar o trabalho para ficar em casa e criar os filhos, jamais conseguia me imaginar fazendo isso, achava uma prática retrógrada e sem sentido - justo eu que comecei a trabalhar adolescente, amava o que fazia e me considerava bem-sucedida profissionalmente. Não preciso nem dizer que como a minha visão mudou depois que a Nicole nasceu e chegou o momento de decidir onde deixá-la para eu voltar às minhas atividades na empresa. E eu então percebi que a maternidade ampliava meus horizontes, horizontes esses que antes, olhando de fora, eu não era capaz de enxergar.

Também teve a questão espiritual, tendo crescido numa igreja protestante histórica eu era preconceituosa com outros grupos evangélicos mais carismáticos e seus cultos avivados. Mas a verdade é que a gente só pode criticar com propriedade algo depois de conhecê-lo de verdade - não como expectadora, mas como participante engajada. E foi o que eu fiz, por sete anos me envolvi com uma igreja cristã neopentecostal e, apesar de atualmente estar de volta numa igreja de linha mais tradicional, aprendi muito na igreja anterior. A experiência serviu para eu amadurecer na minha caminhada com o Senhor e também compreender que há irmãos em Cristo sinceros e fervorosos, que amam a Deus e querem viver Seus propósitos, em toda a parte (inclusive católicos). Em essência, há mais pontos que nos unem do que nos separam.

E você, já parou para pensar o quanto você absorve e é influenciado pelo senso comum do dia-a-dia? O post de hoje vai tratar sobre um assunto que vem me perseguindo ultimamente e que está me desafiando a conhecer e pensar mais profundamente a respeito: o homeschooling!! Você já ouviu falar? Sabia que existe até uma Agência Nacional de Educação Domiciliar? Pois é, eu não - descobri só recentemente. O que acontece é que, assim como Edilberto Sastre explica no post intitulado Homeschooling: senso comum, bom senso e saber científico (do blog Desescolariza), a maioria de nós - inclusive autoridades públicas e "especialistas" - baseia-se unicamente no senso comum para achar que esta prática é um verdadeiro absurdo e, assim, criticar famílias que optam por uma forma alternativa de educar os filhos sem, contudo, realmente saber o que é e em que se fundamenta atualmente as crenças e práticas da educação domiciliar!

Foi o que a Dra. Rosely Sayão, psicóloga e consultora educacional do quadro "Seus Filhos" da Band News FM (junto com Inês de Castro), fez quando escreveu para a Folha de S. Paulo o artigo "Fora da Panelinha". Em resposta, o advogado e teólogo Fábio Blanco publicou no blog Discursos de Cadeira uma carta a ela. Chama-se "A pequena caixinha chamada escola - uma resposta à Dra. Rosely Sayão" que, por ser um texto absolutamente brilhante que exprime bem como eu penso e sinto atualmente com relação às "sandices universitárias" (para usar um termo irônico que ele usa) que ouço na USP, reproduzo abaixo.

A pequena caixinha chamada escola - uma resposta à Dra. Rosely Sayão

Dra. Rosely Sayão:
 
Em teu texto publicado no jornal Folha de São Paulo, chamado "Fora da panelinha", é admirável tua preocupação com as crianças que vivem em famílias que optaram pela educação em casa, aquilo que em outros países é conhecido como homeschooling. Tuas afirmações são espantosas e merecem ser bem avaliadas.

Como psicóloga, sabes que qualquer ser humano, seja adulto ou criança, necessita de instrução e de direcionamento. Por si mesmo, o homem tende a se perder. Tu mesmo adquiriste teus conhecimentos aprendendo de teus mestres e lendo autores que, antes de ti, descobriram o que hoje tu podes saber simplesmente correndo teus olhos pelas letras de um livro.

Onde está, portanto, o conhecimento? Em edifícios criados para receber centenas ou milhares de crianças de uma única vez? Não, e tu sabes disso. O conhecimento está nos livros, nos trabalhos, nas publicações, nos registros das experiências e dos pensamentos. Também está na cabeça dos mestres que possuem a capacidade de transmiti-lo com sabedoria e paciência.

No entanto, quem escolhe os livros e os professores que ensinarão nossos filhos nas escolas? E qual o método de ensino? E o acompanhamento, quem fará? Ora, se eu posso escolher, segundo meu entendimento sobre qual o melhor material a ser usado, a capacidade do mestre que ensinará meus filhos, segundo o método que eu entendo mais eficiente, por que devo ser obrigado a depositar minhas crianças em um prédio no qual elas serão apenas mais uma dentro de um universo gigantesco, aprendendo não de acordo com suas capacidades e possibilidades, mas conforme uma média de conhecimento que possa abarcar todos que lá estão?

E que tu não venhas me dizer que os filhos não me pertencem e que eu não tenho direito de direcionar suas vidas. Tens filhos? Sabes o que é isso? Se tens, colocaste eles em uma escola que tu acreditas ser a melhor, que dará melhor ensino e os preparará melhor para o futuro. O que é isso senão o direcionamento de suas vidas? Não estás fazendo com tuas crias o que um proprietário faz com seus bens, aplicando onde acreditas ser o mais rendoso? Os motivos que me fazem preferir que eu escolha a forma como meus filhos vão estudar são os mesmos que tu tens para escolher a escola dos teus.

A diferença entre nós é que tu crês que a escola é realmente um lugar de conhecimento. Como típica acadêmica, prostra-te diante deste ídolo de pedra, que promete, sem cumprir, um futuro brilhante para aqueles que ingressam em seus templos. Tu és, inclusive, cria desse lugar. Como uma sacerdotisa, embriagada pelo vinho do falso conhecimento, inebriada pelas visões quiméricas de catedráticos charlatões, acreditas que fora desse seu universo não há conhecimento, não há sequer vida que valha alguma coisa.

Por isso tu afirmas que aqueles que optam pelo homeschooling o façam por medo do conhecimento. Em tua sandice universitária, vês esses como ignorantes, retrógrados, que temem expor seus filhos a novas teorias, novas formas de pensar. Diante disso, só posso te fazer uma simples perguntinha: de onde tiras tais parvoíces?

Em teu orgulho acadêmico, acreditas sinceramente que uma escola, simplesmente por ser escola, é a depositária do verdadeiro conhecimento. É óbvio que acreditas que todas as teorias, todas as descrições históricas, todas as hipóteses levantadas em sala de aula são inatacáveis. Para ti, o conhecimento é algo estático, propriedade de um grupo, principalmente daqueles que possuem a autorização governamental para fornecer diplomas.

Não percebes que o conhecimento é algo que está além dos muros da academia. Que são os homens que o carregam e o transmitem. Por isso, não entendes que a opção desses pais é, ao contrário do que afirmas, possibilitar que suas crianças tenham acesso a um conhecimento mais amplo, mais sólido e mais profundo do que as escolas podem oferecer.

Defendes as escolas como se elas fossem o paraíso do saber. Com isso, mostras que, além de não compreender o que é o conhecimento, ainda tens o olhar obscurecido para a realidade. Nunca ouvistes falar da péssima formação dos professores, da falta de estrutura das escolas públicas, da ausência de método no ensino e da grade curricular limitadíssima imposta pelo governo? De que escola te referes? Talvez, daquelas que apenas pessoas abastadas podem dar a seus filhos, das quais apenas as mensalidades são de valor maior que o salário de 90% dos brasileiros. Agora entendo porque acreditas que a educação em casa é o mesmo do que a perda do convívio social. Para ti, mulher de posses, há apenas dois ambientes sociais para teus filhos: a família e a escola. Não conheces nada além disso. Para ti, uma criança viver socialmente é ingressar em prédios que parecem mais presídios, cercados de seguranças e arame farpado, sendo monitorada todo o tempo, com horário para todas as atividades. Este é o teu conceito de liberdade, não é? Bom, é bem parecido com as utopias totalitárias imaginadas durante mais de quatro séculos até hoje.

Nunca passou pela tua cabeça que quando escolhes uma dessas escolas estás tentando dar a melhor instrução e o melhor ambiente para teus próprios filhos? E que diferença há entre isso e decidir dar toda a educação fora desse ambiente cerrado? Não, os adeptos do homeschooling não temem o conhecimento, mas querem oferecer para seus filhos mais conhecimento do que qualquer escola pode dar. Tu queres passar a idéia de que são estes os entenebrecidos, quando, na verdade, o que eles buscam é a verdadeira luz do saber.

Tu, com estas divagações, pelo contrário, demonstra-te preconceituosa. O que dizes parece demonstrar uma afeição à diversidade e à universalidade, mas denota, apenas, que não consegues pensar nada fora da pequena caixinha chamada escola. Devias saber que se há algum conhecimento na escola, ele veio de fora e não foi criado em sala de aula. Ora, se ele reside fora dos prédios escolares, por que não buscá-lo diretamente em suas fontes?

E ainda tens coragem de te mostrares amante da liberdade? Acusas os pais adeptos da educação em casa de a ofenderem ou temerem, mas não percebes que és tu que a odeia? Tu não consegues aceitar que os pais possam ter liberdade de escolher a melhor maneira de educar seus filhos. Nem de que esses filhos tenham a liberdade de aprender diferente e além do que se ensina dentro dos currículos herméticos determinados pelo Estado. Se tu amas a liberdade, se te delicias com a diversidade, por que tens tanta dificuldade de aceitar que pais tenham a liberdade de decidir pelo melhor para seus filhos e por que não aceitas a diferença que há entre a visão de mundo deles e a tua?

Na verdade, tu és como os outros: fingem amar a liberdade, fingem defender a diversidade, mas odeiam tudo aquilo que é diferente do que consideram seu mundo ideal. És, de fato, intolerante e não sabes lidar com o que não conheces.

Além disso, o que escreveste apenas demonstra que sequer te informaste sobre a tradição do homeschooling, seus métodos, suas formas, suas possibilidades. Despejaste no papel apenas impressões e preconceitos. Com isso, demonstras muito bem o que acontece com aqueles que são forjados dentro dos pátios das academias.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Você concorda com o aumento da jornada escolar?

Pois é, aqui estou eu para falar de política novamente. Eu sei, eu sei... não é o propósito primário deste blog, mas parece que ultimamente o assunto está me perseguindo, e como o que vou falar tem a ver com PROPOSTAS DE EDUCAÇÃO, certamente interessa a todas nós!

Na semana passada, antes das eleições, recebi em casa uma correspondência do apóstolo Jesher Cardoso (da Missão Evangélica Shekinah) pedindo meu apoio à candidatura para vereador de São Paulo de Eduardo Tuma, presbítero da Igreja Bola de Neve. Curiosa, fui até o seu site para pesquisar suas propostas e conhecer melhor suas ideias. Fiquei TRISTE de constatar que, apesar de cristão, ele segue princípios seculares de educação semelhantes aos que ouço na USP.

Em resumo, ele parte do pressuposto de que criança precisa passar o máximo de tempo possível - tanto do dia quanto do ano - dentro da escola, e longe de casa, dos pais, dos irmãos, enfim, do convívio familiar! Ele defende e propõe que creches funcionem durante o período de férias e que a jornada escolar do ensino fundamental e também do ENSINO INFANTIL (estamos falando de crianças de 0 a 5 anos!) sejam em período integral. Faço questão de reproduzir abaixo dois trechos de sua fala (transcrevi de um vídeo de campanha eleitoral dele e do seu próprio site):

"Já se comprovou que a ampliação da exposição dos alunos ao professor produz resultados positivos na aprendizagem. Faz-se necessário o aumento do número de dias letivos por ano, combinado com a ampliação da jornada diária. Isso melhoraria muito a educação em São Paulo" (Eduardo Tuma).

A educação é um dos principais instrumentos para formar não somente o aluno, como também o cidadão paulistano” comenta Eduardo Tuma. “Escola em tempo integral significa educação em tempo integral. Desse jeito, além de contribuir para a formação completa dos alunos, auxilia os pais no cuidado dos filhos. Lugar de criança é na escola e não na rua” (Eduardo Tuma).

Eu fico triste em saber que cristãos estão se conformando com a visão de mundo secular para a educação. Na visão de mundo cristã, não são os interesses da FAMÍLIA que estão no centro de todas as ações? Pois me diga, qual família - pobre ou rica - pode de fato ser beneficiada ou fortalecida quando a educação / formação global dos filhos (que pressupõe inculcação de valores e princípios de vida) é praticamente terceirizada para o Estado e/ou outras instituições? E isso me leva a uma questão ainda mais importante: Como cristãos que creem no fortalecimento dos laços familiares, que tipo de sociedade queremos? Que sociedade é essa que construiremos a partir dessas propostas? Está na hora de pararmos para refletir sobre este assunto. E nos posicionarmos! O risco de aceitarmos inadvertidamente ideias que contrariam os princípios bíblicos é gigantesco.

O pesquisador e escritor cristão Lawrence O. Richards nos alerta: "Secularismo não diz respeito a envolver-se com práticas que são questionadas por alguns. Mas, antes, é adotar, sem reflexão, as perspectivas, valores e atitudes de nossa cultura, sem passá-los pelo crivo da Palavra de Deus. Significa vivermos a nossa vida como se não conhecêssemos a Jesus" (minha tradução).

O que me incomoda nesta visão secular de educação é as escolas - principalmente as públicas, mas em certa medida as particulares também - serem encaradas como "depósitos de crianças". Isso fica claro no vídeo quando Tuma fala: "Sem o serviço de creche, as crianças privam suas mães de trabalhar e ganhar dinheiro para atender as necessidades básicas da família". Imagine - a criança sendo nitidamente enxergada como estorvo para a família! Por quê não propõem políticas para incentivar e equipar as mães a se dedicarem integralmente à educação dos filhos nesses primeiros anos de formação? Não podemos concordar que as crianças sejam culpabilizadas (ou penalizadas) pelas injustiças sociais da humanidade. Não é culpa delas que os pais tenham de passar tantas horas do dia fora do lar trabalhando para terem o que comer e o que vestir.

E olhando por outro ângulo, você já se questionou que visão de mundo cristã é essa que coloca os filhos como impedimento para o progresso da sociedade, enfatizando, por exemplo, que para ser livre e realizada enquanto mulher emancipada, a mãe precisa colocar o próprio estudo e a carreira profissional (ainda que tenha condições de uma vida digna sem o salário adicional) acima dos interesses familiares (casamento e filhos) - ou seja, acima dos interesses coletivos do núcleo familiar? Como cristãos, que valores e prioridades vamos defender? Os bíblicos ou os seculares?

Faço minhas as palavras de meu marido quando comentou sobre esse assunto recentemente na internet: "Numa sociedade em que temos de trabalhar e consumir, não dá para ficar "perdendo" tempo com criança. O mais fácil é mandá-las para a escola para que fiquem o maior tempo possível lá. Muitas mães podem até ter um motivo legítimo para precisar dessa assistência social (mães solteiras que trabalham e estudam), mas certamente não se está pensando no melhor interesse da criança - e uma política pública de INCENTIVO a essa prática, maquiada de "proposta de educação", é que não combina" (Douglas Marsola, grifo meu).

Note que, para Tuma, "educação" e "escolarização" são a mesma coisa - erro fatal! Ah, sim, e de alguma forma ele inclui "assistência social" nessa confusão toda. Para além desse equívoco dos termos, perceba que ele defende que esta política de educação não somente formará bons cidadãos como também melhorará o aprendizado dos alunos. Isto não é verdade! Eu argumento justamente o contrário. Em minhas pesquisas por aí lendo textos de cunho pedagógico e também bíblico, estou cada vez mais convencida de que lugar de criança pequena é em casa, com os pais, o máximo de tempo que for possível - principalmente nos primeiros anos de vida.

Não é difícil de entender porque forçar uma criança de 0 a 5 anos a passar o dia todo fora de casa, 12 meses por ano, NÃO fortalece os laços afetivos da família, não é mesmo? E nem que esse afastamento em tempo integral do lar favorecerá a formação de um cidadão de caráter (solidário, confiante, responsável, dentre outros). Pelo contrário, acredito que contribui para que os laços que unem a família se enfraqueçam, as influências externas (e suas ideologias) prevaleçam e toda sorte de outros possíveis males e perigos para a criança que é ainda tão nova, numa idade em que começa seu processo de formação de identidade e precisa ser protegida e amada como única (não como mais uma em meio a tantos na sala de aula!).

Quero, portanto, questionar o nosso recém-eleito vereador para a cidade de SP, Eduardo Tuma, que estudos são esses que "comprovam" que criança de 0 a 14 anos precisa ficar o dia todo na escola, sem direito a período de férias, para que a educação seja de fato de qualidade! Será que ele pensou em como seriam adequados os períodos de férias dos profissionais dessa escola ou considerou ainda o volume de trabalho e desgaste físico e emocional adicionais que serão colocados sobre os ombros, principalmente, dos professores? Qualquer proposta de reforma da educação precisa ser pensada como um todo, desde à sua raiz. E, pra mim, esta política soa como mais uma tentativa de jogar o complexo problema das desigualdades sociais para a escola resolver, levantando a bandeira de que "a educação escolar é a salvadora da pátria". Eu acho que não é bem assim, o problema é mais embaixo, bem mais embaixo.

Por fim, ainda mais importante de se perguntar é: É verdade mesmo que a criança necessita disso para se formar um cidadão? Esta política atende a alguma suposta necessidade de desenvolvimento da criança? Se sim, quero saber qual porque vejo que há pedagogos e psicólogos dizendo outra coisa! Destaco os trabalhos de Raymond e Dorothy Moore, John Stott e James Dobson que defendem o contrário: quanto mais tardiamente se inicia o processo de escolarização e quanto mais tempo os filhos passam sob a tutela direta de pais dedicados e amorosos, melhor se desenvolve o aprendizado intelectual e emocional deles!!

O PIOR da história toda vem agora. Preparados para algo que entristece ainda mais?

1. Na ocasião em que pesquisei o site de campanha política do então candidato a vereador, cliquei no link "Fale com o Eduardo Tuma", preenchi meus dados e redigi minha mensagem. Ingênua eu. Advinhem? O link é uma farsa, não funciona, em toda a tentativa de 'enviar', a mensagem que aparece é "Failed to send your message. Please try later or contact the administrator by another method". Tentei muitas vezes e nada!

2. Hoje, dois dias após ser eleito, entro novamente no site do Tuma para tentar contato (sempre dou uma 2a chance às pessoas, rs). E tcharã, nova surpresa: Oo site está FORA DO AR!! Isto mesmo, os textos e vídeos que ele usou em sua campanha não estão mais disponíveis. Consta apenas uma mensagem de agradecimento por ter sido eleito. Quando tentei resgatar os links que eu havia divulgado pelo Facebook (justamente os que tratavam dos pontos que coloquei acima), me deparei com uma tela toda em branco com os dizeres "Not Found - The requested document was not found on this server - Web Server at eduardotuma.com.br).

Agora a pergunta que não quer calar: O que você espera de um político cristão? Eu espero transparência, no mínimo. E eu gostaria de saber qual o motivo dele não disponibilizar um canal de comunicação (e não estou falando de redes sociais: twitter, facebook, etc.) com seus eleitores e/ou população da sua cidade. Até porque política é algo tão complexo que requer espaço para debate de ideias! Eu mesmo apontei fragilidades graves na proposta dele (enquanto representante cristão), mas se eu estivesse em seu lugar, como uma vereadora que defende a bandeira de princípios bíblicos, precisaria pensar e estudar muito mais para fazer propostas políticas viáveis e coerentes com esta visão de mundo. Sem dúvidas, uma árdua tarefa!

Bem, sou muito insistente (rs) e de tanto pesquisar, acabei encontrando os vídeos dele no youtube. Assista, reflita e tire suas próprias conclusões.

Eduardo Tuma - Aumento da Jornada Escolar
Eduardo Tuma - Espera por Vagas em Creches

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O que é parto humanizado?

O motivo que me leva a escrever o post de hoje é a proposta para a saúde que Patrícia Bezerra, a candidata a vereadora, publicou em seu site, conforme copiei abaixo.

Saúde - Parto Humanizado
Hoje, só as gestantes que dão à luz em hospitais particulares têm direito a anestesia em parto natural. Na rede pública de saúde, a história é outra: grávidas são obrigadas a evoluir seus partos normais por 8h, 9h, 10h, com dores e sem poder ter acesso à analgesia. Patrícia Bezerra é mãe e sabe da importância do momento de dar à luz, por isso, defende direitos iguais: anestesia para grávida rica, sim, mas também para a grávida pobre. Além do parto sem dor, a proposta de Patrícia é cuidar bem das mulheres de São Paulo, garantindo a elas uma série de benefícios que compõem o protocolo de um parto humanizado, assegurando tratamento digno nesse momento tão importante. Como seu marido, o deputado estadual Carlos Bezerra Jr., cuja proposta como vereador foi a de que deu origem ao Programa Mãe Paulistana, o compromisso de Patrícia Bezerra na Câmara é fazer o parto humanizado sua primeira proposta como vereadora.

Talvez numa leitura rápida, certos pressupostos por trás dessa proposta lhe passem despercebidos. Afinal, não é algo bom que as grávidas da rede pública também tenham direito a anestesia na hora do parto? Sim, claro que é!! Porém, tem algo que me incomoda muito nessa redação: a visão distorcida que ela denota sobre o que significa, de fato, o conceito de parto humanizado. Isto me deixou surpresa, confesso, e por um simples motivo: o marido dela, o deputado estadual Carlos Bezerra Jr (em quem eu votei nas últimas eleições!), é médico ginecologista e obstetra e, conforme seu próprio site informa, já foi presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de SP. Por isso, eu esperava mais conhecimento e coerência na redação dessa proposta!

Mas vamos às minhas considerações do que é (ou não) parto humanizado.

Em primeiro lugar, não concordo que direito à analgesia seja sinônimo de parto humanizado e muito menos que parto de mais de 8 horas seja algo ruim. Ruim é quando hospital e médicos tentam acelerar as coisas para que "a fila ande" (por motivos econômicos)... e isso na REDE PRIVADA! Então eu questiono: oras, por que a candidata quer defender somente os interesses/direitos de pacientes da rede pública? Será que ela não parte, erroneamente, do pressuposto que todos os partos em rede privada, só porque na grande maioria dos casos têm anestesia e normalmente evoluem para cesárias (também por motivos econômicos, devo ressaltar) são humanizados?! Basta pesquisar um pouquinho para saber o quanto esta visão não tem fundamento! Ao meu ver, é um argumento que revela ignorância não somente sobre o verdadeiro conceito de parto humanizado, mas também do trabalho de parto em si (como acontece, quanto tempo dura, etc)!

Outra confusão que a redação acima faz é entre os termos "parto normal" e "parto natural", a começar pela primeira linha onde diz que grávidas de hospital particular têm direito a analgesia em parto natural. Frase totalmente sem lógica. Ora, o próprio conceito de "parto natural" é que ele é feito SEM anestesia! Já "parto normal" refere-se simplesmente ao parto vaginal, normalmente com intervenções médicas (ex: ocitocina, analgesia, forceps, episiotomia).

Eu entendo que "parto humanizado" é o termo que designa uma filosofia de atendimento no parto hospitalar ou domiciliar que respeita o tempo, ritmo e corpo da gestante e do bebê para que o parto evolua naturalmente, com o MÍNIMO de intervenção médica possível - por exemplo, sem a introdução do "maldito sorinho" (ocitocina) para acelerar as contrações - ou seja, não diz respeito a sentir ou não dor (porque partos naturais/com dor podem sim ser humanizados), mas ao amparo, principalmente psicológico, em forma de orientações tranquilizadoras do que fazer, como respirar, quando empurrar, etc, que a paciente recebe antes e durante o trabalho de parto! Em linhas gerais e de forma bem resumida, este é o meu entendimento do que seja parto humanizado.

Convido você a digitar "o que é parto humanizado" no google, fazer algumas leituras e tirar suas próprias conclusões. Depois compartilhe conosco seus achados e comente!